Wagner Moura destaca "bom momento" do cinema do Brasil
- 07/11/2025
Numa visita relâmpago a Lisboa, a convite do LEFFEST - Lisboa Film Festival, para a estreia de O Agente Secreto, realizado por Kléber Mendonça, falou do "momento bom" que o cinema brasileiro atravessa: "A cultura anda junto com a democracia. Estamos vivemos um bom momento. O artista é sempre mais forte com o que faz do que com o que diz".
Sobre o filme, que conquistou vários prémios, e lhe valeu o de melhor ator em Cannes, confessa que o horizonte de um óscar em Holywood é algo que não desdenha: "Se eu penso nisso? Eu torço...", confessa. Contudo, diz que há muito caminho pela frente, mas que acredita que "O Agente Secreto" tem hipóteses de ser incluído na categoria de filme estrangeiro.
Passado no Recife, em 1977, O Agente Secreto é um 'thriller' político que mergulha nas tensões de um país sob o regime militar, onde Wagner Moura interpreta Marcelo, um especialista em tecnologia que regressa à cidade natal em busca de tranquilidade, mas que se depara com um ambiente carregado de segredos e perigos.
O ator lembra que a arte caminha junta com a democracia. A esse propósito não deixou de recordar que "a extrema direita foi muito eficaz em dizer que os artistas estavam contra o interesse do povo". Só que, defendeu, "não é a elite intelectual que está contra o povo", mas que "o inimigo do povo é a elite financeira".
Por isso, sustentou, "quanto mais democrático for o Governo, mais ele vai entender que a cultura é importante".
"Eu sou um artista que fala muito, mas o que a gente faz é que tem muito poder", sublinhou.
O ator, que vive actualmente nos Estados Unidos, em Los Angeles, falou da importância da memória como agitador de consciências, com pedagogia: "Eu nasci durante a ditadura, a gente continua a precisar de falar dessa época. Nós temos essa memória, os americanos não. Eles acham que a democracia é obra do Espírito Santo".
A este propósito, Wagner Moura lembra o episódio protagonizado por um deputado bolsonarista que contactou o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, para pedir que ao governante cancelasse o visto do ator.
"O que assusta é que a verdade, tal como a conhecemos, acabou", disse, referindo-se à Inteligência Artificial e a todas as tecnologias que permitem manipular a realidade, sem se esquecer de referir que ele próprio se formou em jornalismo, uma "instituição fundamental, que está em decadência", alertou.
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