"Volta Coruche" pede esclarecimentos sobre contratos e fundos após buscas da PJ
- 28/11/2025
"Há alguma admiração, algum espanto por esta ação. Gostávamos de saber quais são os contratos, quais são as obras, se envolvem ou não financiamentos comunitários", afirmou hoje à Lusa o vereador Dionísio Mendes, líder do movimento, sublinhando que essa informação "não ficou expressa no comunicado da Câmara".
O autarca, que já foi presidente do município, considerou que agora é preciso "aguardar que as averiguações sejam levadas a cabo e que se saiba exatamente tudo", lembrando que "situações destas acontecem" e que "há outras câmaras onde isso também sucede".
Questionado sobre se a operação levanta dúvidas sobre a gestão autárquica, Dionísio Mendes disse não querer especular: "Para já não. Segundo sabemos, derivam de uma denúncia anónima. A gestão atual evidentemente não tem nada a ver com o assunto, isto é da gestão anterior, mas aguardemos para ver qual é o fundamento".
O líder do "Volta Coruche" frisou que o movimento não tem "qualquer informação que permita levantar dúvidas" sobre procedimentos administrativos e reiterou que a sua principal exigência em matéria de transparência é a transmissão das reuniões da Câmara e da Assembleia Municipal.
"Insistimos muito nisso e até agora ainda não foi possível. A Câmara diz que está a organizar as coisas, mas gostaríamos que acontecesse com máxima urgência", sublinhou.
A PJ confirmou na quinta-feira à Lusa estar a realizar buscas na Câmara Municipal de Coruche, sem adiantar pormenores sobre a operação. Segundo o portal do NOW, as diligências visam apurar eventuais práticas ilícitas na gestão autárquica, nomeadamente na aplicação de fundos europeus e na contratação de serviços e obras públicas.
Num comunicado enviado à Lusa no mesmo dia, o município, no distrito de Santarém, garantiu "total disponibilidade para prestar todos os esclarecimentos solicitados" e sublinhou que mantém "um compromisso firme com a transparência, o rigor e a responsabilidade na gestão pública", princípios que, assegurou, "continuarão a orientar a atuação da autarquia".
A câmara presidida por Nuno José Azevedo (PS) estranhou, contudo, que "a informação relativa à operação tenha sido divulgada publicamente antes da entrada da Polícia Judiciária nas instalações dos Paços do Concelho e já com referência ao âmbito das diligências".
"Naturalmente, estranhámos", escreveu a autarquia.
Nuno Azevedo foi eleito nas autárquicas de outubro e sucedeu a Francisco Oliveira, também do PS. O Partido Socialista obteve 32% dos votos e três mandatos, o mesmo número de eleitos do movimento independente "Volta Coruche", liderado por Dionísio Mendes, antigo presidente da câmara, eleito anteriormente pelo PS.
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