Ventura considera mensagem de Montenegro "pouco empática e pouco feliz"
- 26/12/2025
Em declarações aos jornalistas, antes de visitar o comércio local de Vila Franca de Xira (Lisboa), André Ventura foi questionado sobre a mensagem de Natal de Luís Montenegro, transmitida na quinta-feira.
"Eu acho que foi uma mensagem de Natal pouco empática e pouco feliz, porque no momento em que nós estamos, com o país a enfrentar uma situação de saúde bastante grave (...), o primeiro-ministro consegue fazer uma mensagem de Natal sem falar na saúde", disse, considerando que se trata de uma "falha muito grave" e que revela falta de empatia para com "o problema mais intenso da vida das pessoas".
Neste ponto, Ventura questionou também "onde anda o Presidente da República", dizendo que no passado Marcelo Rebelo de Sousa fez alertas sobre este tema.
Sobre o que constou da mensagem do primeiro-ministro - que apelou a que o país adote uma mentalidade de superação, dando como exemplo o futebolista Cristiano Ronaldo -, o candidato apoiado pelo Chega até concordou no princípio.
"Eu acho que sim, nós temos que ter a mentalidade do Cristiano Ronaldo, isso faz sentido. Mas eu tenho a certeza que a mentalidade do Cristiano Ronaldo já tinha resolvido problemas que persistem na saúde há dois, três, quatro, cinco, dez, quinze anos, e que o primeiro-ministro mantém exatamente nos mesmos termos", criticou.
André Ventura recordou que Montenegro, quando se candidatou pela primeira vez a primeiro-ministro, apontou a saúde como a sua grande prioridade.
"Ora, passaram dois anos já de governo, a saúde continua com vários dados a piorar - é verdade que não é só culpa do Governo -, mas com vários dados a piorar, e o primeiro-ministro não tem uma mensagem para a saúde, não tem uma lógica para a saúde", lamentou.
André Ventura desafiou, como já tinha feito no passado, os seus adversários nas eleições presidenciais de 18 de janeiro para um debate exclusivamente centrado na saúde.
"Espero que possam reconsiderar, porque ninguém está a falar de saúde e a saúde é talvez hoje o ponto mais importante da vida dos portugueses (...) Eu gostava que o Presidente, o primeiro-ministro e os candidatos olhassem para o que se passa na saúde em Portugal e dessem uma resposta às pessoas sobre saúde em Portugal, volto a desafiá-los para isto", apelou.
Questionado sobre a leitura política do primeiro-ministro de que não haverá legislativas antecipadas nos próximos 3,5 anos, o líder do Chega respondeu: "Isso não sei".
"Eu espero que não. O país não pode andar de eleição em eleição de seis em seis meses, acho que isso é uma evidência para todos. Mas isso não depende nem de um partido, nem depende da conjuntura (...) Nós não sabemos o que é que vai acontecer, o que eu espero como candidato presidencial é que o país não ande de eleições de seis em seis meses, acho que isso é ideal para a economia, para as pessoas e para a conjuntura. Agora só o futuro saberá isso e depende também, obviamente, do Presidente da República que tivermos", afirmou.
Depois das declarações aos jornalistas, André Ventura fez um breve percurso pelo centro de Vila Franca de Xira, acompanhado por algumas dezenas de pessoas, que iam gritando palavras de ordem como "Portugal é nosso e há de ser", enquanto o candidato cumprimentava alguns dos poucos comerciantes com loja aberta, num dia de tolerância de ponto.
No final, o candidato foi abordado por dois estrangeiros, com um jovem a questioná-lo, primeiro em português e num tom cordial, porque é que o seu partido passa uma mensagem negativa sobre todos os imigrantes em Portugal.
"Há boas e más pessoas em todo o lado", insistiu o jovem, já em inglês, ao que Ventura respondeu "obviamente".
O líder do Chega afirmou depois, em tom também sereno, que a mensagem do seu partido e da sua candidatura é que Portugal "não pode ter cá mais criminosos, já cá tem muitos".
"Acredito que, se as pessoas fossem para o Paquistão, não gostava que mudassem o seu país. É isso que acredito para Portugal e para a Europa", disse, pedindo respeito para os valores cristãos.
"Claro que sim, há cristãos no meu país também", respondeu o jovem, que depois deixou rapidamente o local, enquanto a comitiva gritava "Ventura, Ventura".
[Notícia atualizada às 18h15]
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