Venezuela: Kamla Persad-Bissessar "orgulhosa" por receber tropas de EUA
- 17/11/2025
"O meu Governo acolhe com orgulho a 22.ª Unidade Expedicionária de Fuzileiros Navais" norte-americanos, escreveu Kamla Persad-Bissessar na rede social X.
"A presença dos Estados Unidos na região já contribuiu para uma redução significativa do tráfico de armas, drogas e seres humanos no país", acrescentou.
As manobras, com duração prevista até sexta-feira, são as segundas em menos de um mês entre os Estados Unidos e o pequeno arquipélago anglófono situado a cerca de 10 quilómetros da Venezuela.
Washington está a enviar sinais contraditórios sobre a possibilidade de ataques ao território venezuelano sugeridos pelo Presidente norte-americano, Donald Trump.
No domingo, Trump falou sobre "possíveis conversações" com o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ao passo que o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, adotou novamente um tom ameaçador.
Desde agosto que Washington mantém uma presença militar significativa no mar das Caraíbas, incluindo meia dúzia de navios de guerra, oficialmente para combater o tráfico de drogas destinadas aos Estados Unidos.
Mas Caracas acusa Washington de usar o tráfico de droga como pretexto "para impor uma mudança de regime" na Venezuela e apoderar-se do petróleo do país, pelo que Maduro classificou estas novas manobras militares conjuntas como irresponsáveis.
Nas últimas semanas, os Estados Unidos realizaram cerca de 20 ataques aéreos no mar das Caraíbas e no oceano Pacífico --- o mais recente dos quais no sábado --- contra embarcações que acusam, sem apresentar qualquer prova, de transportar droga, resultando em pelo menos 83 mortes.
A presença militar norte-americana na região foi significativamente reforçada com a recente chegada do porta-aviões Gerald Ford, o maior do mundo.
"A nossa parceria com os Estados Unidos já alcançou êxitos significativos e, juntos, continuaremos a avançar até vencermos a guerra contra o crime", escreveu Kamla Persad-Bissessar, denunciando o preço pago pelos cidadãos do arquipélago, "massacrados impiedosamente por criminosos audaciosos que lucram com as ligações a cartéis e narcoterroristas".
Desde que assumiu o poder, em maio deste ano, Persad-Bissessar, uma leal aliada de Trump, tem repetidamente emitido declarações hostis ao Governo venezuelano e transformado o combate à imigração venezuelana, que associa frequente à elevada taxa de criminalidade no arquipélago, numa das principais bandeiras do governo.
Já o ex-primeiro-ministro Keith Rowley (2015-2025) tem-se mostrado crítico.
"(...) Num momento em que os Estados Unidos ameaçam invadir a Venezuela, destruir a Venezuela, os norte-americanos pedem-nos para fazer determinadas coisas, [mas] está no âmbito da nossa soberania dizer que tal não é do nosso interesse e recusar", declarou Rowley, numa conferência de imprensa.
Por sua vez, Nicolás Maduro já anunciou a suspensão dos contratos de gás com o arquipélago, após as manobras iniciais.
O segundo maior produtor de gás das Caraíbas, Trindade e Tobago, 20% de cuja população vive abaixo do limiar da pobreza, atravessa uma recessão económica, e algumas empresas esperavam obter receitas com a exploração conjunta do campo de gás Dragão, avaliado em 120 mil milhões de metros cúbicos, localizado no nordeste das águas venezuelanas, junto à fronteira marítima com Trindade e Tobago.
Leia Também: Porta-aviões dos EUA chega às Caraíbas em plena escalada com Venezuela













