Vencedor de Prémio LeYa surge na sequência de crise de refugiados sírios
- 19/11/2025
"A temática do livro tem que ver com a crise dos refugiados da Síria, e toda a opinião pública que se gerou e que generalizou um bocadinho as coisas, que era tudo terrorista. Eu não conseguia aceitar esta opinião e obrigou-me a ir trabalhar sobre as questões, às quais eu precisava de responder", disse à agência Lusa a escritora, residente em Paris há 13 anos.
Carla Pais é a segunda mulher a vencer o Prémio LeYa, ao qual concorreu com o pseudónimo de Aníbal Correia. Nesta edição candidataram-se 1.460 originais, tendo sido a mais concorrida de sempre.
A primeira vencedora do galardão foi Gabriela Ruivo Trindade, em 2013, com "Uma Outra Voz".
À Lusa, Carla Pais afirmou: "Acredito sempre que o trabalho do escritor, em algum momento, vai dar resultados, vai trazer os seus frutos, portanto esta obra não seria diferente; Não escrevo para prémios, mas se eles vierem são sempre bem-vindos".
A autora afirmou-se "surpresa" com esta distinção, que se junta a outras que já recebeu, nomeadamente o Prémio Francisco Rodrigues Lobo, em 2017, pelo livro de poesia "A Instrumentação do Fogo", e os prémios Cidade de Almada, em 2018, e Melhor Livro de Ficção, da Sociedade Portuguesa de Autores, em 2023, por "Um Cão Deitado à Fossa".
Em 2018, foi finalista do Prémio Melhor Romance da Associação Portuguesa de Escritores, com a obra "Mea Culpa".
Sobre "A Sombra das Árvores no Inverno", a autora disse que se sentiu "legitimada" para escrever sobre o país que a acolhe há mais de uma década: "O livro fala de quando começaram os ataques terroristas aqui em França, em 2015, que foi um choque para o país, e, depois estávamos a assistir a determinadas questões que se iam levantando em relação a tudo isto".
"Entre 2015 e 2018 há um caminho que se faz sobre o terrorismo em França, a crise dos refugiados que vêm da Síria e ao avanço do jihadismo naquele país, e somos confrontados, a Europa no geral e a França em particular, com um conjunto de coisas que é o que fazemos a toda esta gente que está a fugir da Síria, são questões que se levantavam e que me transtornavam muito e me davam muito sofrimento", explicou a autora.
"As opiniões que ouvia à minha volta eram todas no sentido generalizado de 'é tudo terroristas o que aí vem'. Não podem ser terroristas todos, e não podemos generalizar quando falamos de seres humanos, cada pessoa é uma pessoa e, no meio daquelas pessoas, vinham crianças, vinham mães, vinham pessoas", acrescentou.
"A Sombra das Árvores no Inverno" deve ser publicado "nos primeiros meses do próximo ano", disse à Lusa fonte do grupo editorial.
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