Varandas aborda CR7 e revela: "Sporting não tinha dinheiro para impostos"
- 15/09/2025
Frederico Varandas concedeu uma extensa entrevista à mais recente edição da revista alemã Kicker, na qual abordou diversos temas, entre eles, a maneira como o Sporting tem vindo a encurtar distâncias para os eternos rivais, Benfica e FC Porto, desde que assumiu a presidência do clube, em 2018.
"De facto, desde o início dos anos 80 até ao nosso início em 2018, o Sporting ganhou pouco em comparação com os nossos rivais. Tenho 45 anos e pertenço à geração que mais sofreu com isso. Até me tornar presidente, como adepto, só tinha celebrado dois títulos de campeão, em 2000 e 2002", começou por afirmar.
"Foi precisamente essa ambição que me levou a querer dirigir o clube. Prometi a mim mesmo que as gerações mais jovens não deveriam passar pelo que a minha geração passou. Por isso compreendemos essa perceção externa do Sporting. É factual. Mas também é um facto que conseguimos inverter essa perceção. Hoje, o Sporting é líder em Portugal. Não tenho dúvidas de que a perceção de 'terceiro grande' pertence ao passado", acrescentou.
O antigo diretor clínico recordou que ascendeu à liderança máxima "no pior momento da história" do clube de Alvalade, visto que "não vencia o campeonato há 17 anos", e, "por causa do ataque à Academia [de Alcochete], os melhores jogadores tinham rescindido": "Não tínhamos, sequer, dinheiro suficiente para pagar os impostos, no final do ano".
"Foi preciso começar do zero. Hoje, reconquistámos o prestígio e a imagem internacional, mas queremos cimentar e consolidar essa imagem de líder do futebol português (...) Não tenho dúvida alguma que uma das razões do insucesso do Sporting durante quatro décadas foi a instabilidade interna. Por isso, nos primeiros dois anos da nossa presidência, arrumámos a casa e criámos as bases para o sucesso que se seguiu", explicou.
A importância da formação... e de Cristiano Ronaldo
Frederico Varandas apontou, finalmente, o Sporting como "um dos melhores clubes formadores de jogadores do mundo há mais de 40 anos", de tal maneira que é "o único clube no mundo que formou dois Bolas de Ouro, Figo e Cristiano Ronaldo". E, precisamente sobre o segundo (que, atualmente, está ao serviço do Al Nassr) colocou de parte um eventual regresso a Alvalade.
"Cristiano Ronaldo já disse publicamente que não quer voltar a jogar futebol em Portugal. Cristiano é um símbolo de excelência e trabalho árduo, representando o espírito do nosso clube. Acredito que Ronaldo não só abre portas em termos de visibilidade, mas também reforça a nossa identidade e a nossa marca no cenário internacional. Fará sempre parte da história do Sporting. Será sempre uma referência e um embaixador do clube", atirou.
"Gyokeres? Somos menos dependentes das vendas"
A terminar, o presidente do Sporting enalteceu o facto de ter conseguido manter Viktor Gyokeres no clube durante duas temporadas (nas quais acabou por sagrar-se bicampeão nacional), antes de o vender ao Arsenal, a troco de uma verba na ordem dos 65 milhões de euros, que pode superar a barreira dos 76 milhões de euros, mediante o cumprimento de objetivos.
"Os jogadores sabem que, ao virem para o Sporting, encontram um clube que oferece não só condições de crescimento desportivo, mas também estabilidade financeira. Somos menos dependentes das vendas. A credibilidade financeira do Sporting torna-nos um parceiro mais atrativo tanto para jogadores como para parceiros, o que é fundamental para o crescimento da Marca Sporting", rematou.
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