ULS Gaia/Espinho prepara-se para realizar transplante cardíaco
- 25/11/2025
"Atingimos um patamar de evolução que o próximo salto, do ponto de vista da cirurgia cardíaca, tem que ser o transplante cardíaco. A nossa evolução natural, técnica e científica é vir a fazer transplante. O de coração não demorará muito tempo e o de pulmão está também em perspetiva", disse Luís Matos.
Esta ambição inclui a construção de um novo edifício, obra que poderá custar cerca de 200 mil euros e demorar quatro anos a ficar concluída, mas o avanço das cirurgias de transplante não terá de aguardar por uma infraestrutura nova.
"Com o nosso conhecimento técnico e científico, e obviamente com o patrocínio do Instituto Português de Saúde e Transplantação, porque têm que ser eles a dizer que nós estamos preparados e habilitados, daqui a um ano estaremos capazes de o fazer transplante cardíaco", disse Luís Matos.
Sublinhando que, do ponto de vista dos equipamentos cirúrgicos, do material e dos recursos humanos, a ULSGE "reúne já todas as condições", o presidente da ULSGE explicou à Lusa que quer melhorar as condições de infraestrutura, o que não significará aumentar, mas sim melhorar a capacidade.
"Queremos construir mais três edifícios, e entre eles, um grande centro, onde vamos instalar os blocos, as unidades de cuidados intensivos, os internamentos, as áreas de exames mais diferenciados da cardiologia, da cardiotorácica, da pneumologia, da cirurgia vascular. Olhamos para este projeto como um todo, como uma unidade de gestão do tórax e circulação", explicou.
O objetivo é "criar um espaço com melhores condições, acima de tudo de conforto para os doentes e de trabalho para os profissionais", acrescentou.
"Aquilo que nós fizemos na semana passada com a implantação do HeartMate3 [também conhecido como 'coração artificial'] foi mais um passo nessa direção. Temos feito a formação necessária, temos a filiação com Santiago Compostela, estamos a fazer a investigação nesse sentido", conclui.
No dia 11 de novembro, ULSGE realizou a implantação de um dispositivo de assistência ventricular esquerda, uma intervenção descrita como "de elevada complexidade e importância estratégica para o tratamento da insuficiência cardíaca avançada em Portugal".
O HeartMate 3 é um dispositivo mecânico que auxilia o coração a bombear o sangue para o resto do corpo, substituindo parcialmente a função do ventrículo esquerdo.
Esta tecnologia permite prolongar e melhorar a qualidade de vida de doentes com insuficiência cardíaca muito avançada, podendo funcionar como ponte para o transplante cardíaco ou, em alguns casos, como terapia definitiva.
A cirurgia foi conduzida por uma equipa dos serviços de cirurgia cardiotorácica e cardiologia da ULSGE, com o envolvimento de intensivistas, perfusionistas, enfermeiros e fisiologistas cardíacos.
Num comunicado divulgado alguns dias após a intervenção, a ULSGE descreveu que a doente, uma mulher com insuficiência cardíaca de origem genética não candidata a transplante cardíaco, encontrava-se "a recuperar bem, tendo já dado os primeiros passos após a intervenção".
Já o diretor do serviço de cirurgia cardiotorácica da ULSGE, Paulo Neves, destacou que "a implantação deste tipo de dispositivo representa um avanço significativo no tratamento da insuficiência cardíaca avançada".
"Permite oferecer uma nova perspetiva de vida a doentes que, até há poucos anos, tinham opções muito limitadas. É o resultado de um trabalho em equipa e de um investimento contínuo na formação e na excelência clínica", referiu, citado no comunicado.
A USGE destacou que esta intervenção fez parte de um processo de capacitação técnica e científica desenvolvido ao longo dos últimos meses, em afiliação com o Hospital Universitário de Santiago de Compostela, e com a colaboração científica do professor Mandeep Mehra, do Brigham and Women's Hospital (Boston) e da Harvard Medical School, considerado uma "autoridade mundial" em terapias avançadas da insuficiência cardíaca.
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