UE acusa Rússia de "testar" limites com ataques híbridos
- 19/11/2025
Depois de a Polónia ter acusado esta semana a Rússia de sabotar ferrovias que levam ajuda à vizinha Ucrânia, Kaja Kallas disse hoje, numa conferência de imprensa em Bruxelas, que o que Moscovo "está a tentar fazer é, por um lado, testar até onde pode ir com cada pequeno passo que dá e, por outro, tentar semear o medo na sociedade".
"Se eles querem semear o medo nas nossas sociedades e se a nossa resposta for demasiado extremista, o medo aumenta, que é na verdade o que a Rússia quer. Por isso, temos mesmo de ter uma abordagem equilibrada", apontou.
Ainda assim, de acordo com Kaja Kallas, "este tipo de ataques representa um perigo extremo para as infraestruturas críticas" europeias e, apesar de "caber à Polónia atribuir [a culpa] e tomar medidas", a UE deve adotar "uma resposta forte".
"Temos de apresentar uma resposta semelhante para proteger a nossa infraestrutura crítica, para enviar uma mensagem de unidade à Rússia de que eles não podem escapar impunes desses ataques, mas, ao mesmo tempo, dar garantias às nossas sociedades de que não há nada a temer", indicou.
A Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança frisou ainda que "a fraqueza convida a agir".
"Se estivermos a dar passos em termos de mobilidade militar, de prontidão de defesa, aumentando as nossas despesas com a defesa, também a produção, a nossa interoperabilidade e cooperação entre a indústria de defesa dos Estados-membros, (...) então a Rússia não atacará porque não estamos fracos", concluiu.
A Comissão Europeia propôs hoje uma rápida movimentação das forças armadas na UE, com remoção das barreiras e criação de um quadro de emergência, para um espaço de livre circulação "Schengen militar" até 2027.
A UE está a reforçar a sua resposta estratégica coordenada, nomeadamente à luz dos recentes ataques híbridos da Rússia que visam não apenas desestabilizar as zonas e os setores afetados, mas também semear um clima de medo, desconfiança e divisão entre os aliados europeus, segundo o bloco comunitário.
Desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022, a Rússia intensificou uma estratégia de guerra híbrida contra a UE, combinando sabotagem, ciberataques, desinformação e interferência política para minar a segurança, a resiliência e a coesão democrática dos Estados-membros.
A UE tem vindo a denunciar, sobretudo este ano, campanhas sistemáticas de desestabilização, ações que tem atribuído aos serviços secretos russos e que visam infraestruturas críticas, redes de comunicação e processos eleitorais.
O exemplo mais recente desta ameaça híbrida ocorreu no fim de semana passado na Polónia, onde um ataque de sabotagem numa linha ferroviária entre Varsóvia e Lublin, rota importante para o envio de ajuda à Ucrânia, foi atribuído a dois cidadãos ucranianos com ligações aos serviços secretos russos.
No seguimento deste caso, a Polónia anunciou hoje que vai encerrar o último consulado russo que ainda funcionava no país.
O Kremlin (presidência russa) negou envolvimento no caso de sabotagem e acusou a Polónia de "russofobia".
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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