Todas as classes frequentam a biblioteca e o centro social da Alta de Lisboa

  • 08/12/2025

O Centro Social da Musgueira - fundado em 1963, quando ali estava "a maior mancha de barracas da cidade de Lisboa" - dá resposta a uma população "dos 3 aos 100 anos", resume a diretora, Ana Barata, que não encontra palavras para descrever as mudanças "incríveis" num território atualmente em construção acelerada.

 

Na Alta de Lisboa, partilhada pelas freguesias de Lumiar e Santa Clara, moram cerca de 40 mil pessoas, mas o Plano de Urbanização do Alto do Lumiar (PUAL), aprovado em 1996, coloca a fasquia nos 60 mil habitantes, tornando a área apetecível para condomínios, construídos lado a lado com os designados PER, sigla para Programa Especial de Realojamento, pela qual são identificados os 12 aglomerados habitacionais sob gestão municipal.

O Centro Social da Musgueira tem sido "um companheiro de caminho" da comunidade.

"Estivemos 50 anos nas antigas instalações, junto do bairro de barracas, e depois acompanhámos todo o processo de realojamento da população para esta nova realidade urbanística e social que é a Alta de Lisboa", recorda Ana Barata.

Nas atuais instalações desde 2013, a mudança "foi uma oportunidade para uma comunidade inteira se poder capacitar", considera.

Os números falam por si: 100 crianças em jardim de infância (e outras 100 em lista de espera); 100 crianças e jovens em atividades de tempos livres; 200 jovens em mediateca (educação não formal, que funciona ao final da tarde e à noite); 60 crianças e jovens em apoio escolar e salas de estudo; 60 idosos em centro de dia; 50 utentes em serviço de apoio domiciliário.

O centro gere ainda um gabinete de inserção profissional e disponibiliza oferta formativa, a par com "inúmeros projetos de intervenção comunitária" e até cinema ao ar livre, com o festival CineConchas, no verão.

Servindo atualmente "mais de 600 pessoas diariamente", a transformação na procura "é muito notória", assinala a diretora: "Temos novos moradores da Alta de Lisboa que frequentam a instituição e temos também, como sempre, os moradores que vinham do antigo bairro da Musgueira Norte, que são moradores da Alta de Lisboa desde o princípio do século."

Sublinhando que "por missão a instituição serve os mais vulneráveis", Ana Barata destaca que o centro prioriza "a congregação de pessoas diferentes", num território onde "continuam a faltar serviços, (...) sítios de lazer, pontos de interesse", mas que está "cada vez mais consolidado", assumindo "uma centralidade nova".

Os tapumes das obras escondem a entrada da Biblioteca Maria Keil, que há muito pede "um espaço maior" do que aquele que ocupa há já 20 anos "para poder realizar" as "diversas atividades" que lhe são solicitadas.

"O espaço que temos já é bastante reduzido", refere Cristina Dias, a coordenadora, confiante numa mudança, dada "a comunidade em crescimento" na Alta de Lisboa.

Segundo a responsável, "toda a gente utiliza a biblioteca, desde as pessoas da comunidade aqui do bairro às pessoas da [habitação de] venda livre".

"Nota-se muito a diferença, de há uns anos para cá, do número de famílias que participam nas nossas atividades, nas horas do conto, nas atividades lúdicas e de promoção da leitura", descreve.

"As pessoas interagem entre si, (...) as crianças aqui do bairro participam com as outras crianças, da venda livre. As coisas têm corrido muito bem e ajudam-se mutuamente, portanto não sentimos essa diferença", assegura.

Os exemplos do centro social e da biblioteca são apontados pela Gebalis, a gestora das habitações municipais, para demonstrar o caráter único da Alta de Lisboa, no sentido em que as instituições são frequentadas por habitantes tanto de venda livre como de realojamento.

A diretora de intervenção local da Gebalis, Mikaella Andrade, realça que "a forte parceria que existe no terreno" tem sido uma via para a inclusão social.

João Tito Basto, coordenador do Centro Periférico, projeto da Associação de Residentes do Alto do Lumiar (ARAL), concorda, salientando que, além das instituições de maior dimensão, há várias associações de base local a trabalharem no território, com "um espírito de entreajuda e apoio mútuo".

Pelo Centro Periférico, "espaço de experimentação artística" com estúdio de som e sala de ensaios, João Tito diz que passou um quarto dos participantes no concurso "Talentos do Bairro", organizado pela Gebalis.

"Isto mostra que este trabalho na comunidade depois dá frutos e dá resultados", sublinha, destacando as "pessoas de muito valor" que vivem na Alta de Lisboa e que precisam de "ser empurradas para a frente".

Leia Também: Construção prolifera na Alta de Lisboa, entre mistura e segregação

FONTE: https://www.noticiasaominuto.com/cultura/2901076/todas-as-classes-frequentam-a-biblioteca-e-o-centro-social-da-alta-de-lisboa#utm_source=rss-ultima-hora&utm_medium=rss&utm_campaign=rssfeed


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