Teatro do Bairro estreia "O Apaixonado Extravagante" em janeiro
- 23/12/2025
Nascido em Rouen, Pierre Corneille (1606-1684) ficou conhecido por tragédias que marcaram a história do teatro, sendo mesmo designado por críticos e investigadores literários como o fundador da tragédia francesa e um dos maiores autores do século XVII, a par de Molière (1622-1673) e Racine (1639-1699).
Jorge Cramez, que em 2017, com "Amor Amor", já adaptara Corneille "de forma muito livre", para cinema, regressa ao autor francês, num texto com tradução inédita de Luís Lima Barreto e Fátima Ferreira, pondo em palco "Place Royale" com um elenco constituído, na maioria, por atores da companhia do Teatro do Bairro.
"O Apaixonado Extravagante", a partir de "La Place Royale" ou "L'Amoureux Extravagant", publicado em 1637, é com frequência "apresentada como a comédia mais moderna de Pierre Corneille", refere o Teatro do Bairro, na apresentação da obra, sublinhando o facto de o dramaturgo a ter escrito ainda antes de se dedicar às grandes tragédias.
Angélique e Alidor são os protagonistas do texto. Amam-se e mantêm uma relação que aponta para um final feliz, mas Alidor preza mais a liberdade que o amor.
"Incapaz de se entregar, o amante-filósofo engendra um plano absurdo: livrar-se de Angélique, entregando-a a Cléandre, o seu melhor amigo, e para apressar a separação, ele envia-lhe uma carta de amor falsa destinada a outra mulher", refere o Teatro do Bairro numa sinopse da peça.
Phylis, "amiga de Angélique, aproveita a desavença para convencer a amante traída a aceitar a mão de seu irmão Doraste, enquanto Alidor, magoado pelo fracasso do plano" que gizara, "imagina um sequestro noturno de Angélique por Cléandre".
"No final de uma trama turbulenta, repleta de reviravoltas, fintas e mal-entendidos, o herói desta comédia cruel alcança a liberdade forçando o outro à renúncia absoluta", frisa a sinopse.
No centro da ação da peça está a "recusa íntima do compromisso amoroso" cujo protagonista "não é um libertino triunfante nem um ingénuo romântico", mas "um homem que teme a perda da liberdade interior", preferindo destruir o amor do que submeter-se a ele, acrescenta um comunicado do Teatro do Bairro.
Para o Teatro do Bairro, esta comédia "antecipa figuras futuras do teatro moderno, nas quais o excesso de lucidez ou de cálculo conduz à solidão", trabalhando temas que atravessam a obra de Corneille, como a liberdade, a coerência consigo mesmo, o sacrifício do afeto.
Estes temas são "aqui tratados sob uma forma leve, urbana e irónica", numa "tensão entre comédia e desilusão que faz da peça um objeto singular e surpreendentemente contemporâneo".
A interpretar "O Apaixonado Extravagante" vão estar Carolina Campanela, Carolina Serrão, Eduardo Frazão, Francisco Vistas, Jaime Baeta e João Sá Nogueira.
A cenografia é de Alexandre Oliveira e, na assistência de encenação, está Maria Joana Figueiredo.
Constança Villaverde Rosado assina a pintura dos telões, Fábio Paulo, a construção do cenário, enquanto no desenho de luz e de som estão Rui Seabra e Paulo Abelho, respetivamente.
Com ilustração de Joana Villaverde, a peça tem como técnicos de luz António Serrão e Rafael Moura, enquanto no som está Matheus de Alencar e, como estagiária de guarda roupa, Sol Piloto.
Produzida pela Ar de Fimes/Teatro do Bairro, a peça fica em cena até 15 de fevereiro, com récitas de quarta-feira a sexta, às 21:30, e ao sábado e domingo, a partir das 18:00.
Está prevista uma sessão com interpretação em Língua Gestual Portuguesa, em data ainda a anunciar, sendo as récitas de quinta-feira legendadas em francês.
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