Tânia Graça: "É legítima a escolha de não passar o Natal com a família"
- 19/12/2025
Tânia Graça esteve no programa Divagar é Preciso, da RTP Notícias, para falar sobre a época natalícia que se vive, aproveitando para deixar alguns conselhos enquanto psicóloga para se aproveitar a festividade ao máximo, mesmo quando isto implica ter de conviver com familiares mais difíceis.
"É uma época que imaginamos como perfeita, de união e harmonia, é isso que nos passam os anúncios de azeite, é isso que nos passam alguns ensaios fotográficos que vemos de famílias à mesa. Muitas vezes não é isso que acontece, porque é uma época com uma carga emocional muito forte e que pode gerar tensões, discussões e problemáticas várias", começa por comentar a psicóloga.
"Há diversos estudos que mostram que estes períodos festivos amplificam a discrepância entre o que nós desejamos e vivemos efetivamente e isso causa-nos uma sensação de falha individual", sublinha, notando que é importante sair-se da "performance" e valorizar-se mais o estar, de facto, presente.
Um outro conselho que dá é dividir as muitas tarefas domésticas que preparar a Consoada implica e que, normalmente, recaem sobretudo sobre as mulheres. "Dividir tarefas, porque evitamos a sensação de 'cai tudo nas minhas costas' para algumas pessoas, que gera mal estar", aconselha.
Entretanto, Tânia reflete sobre as dificuldades que se podem sentir no convívio com determinados membros da família. "O sistema familiar tem uma memória própria e quando regressamos a determinados contextos repetem-se padrões dos quais já nem nos lembrávamos. Perguntas desadequadas, temas polémicos que levam as pessoas a discutir...", realça, dando como exemplo a política.
Desta forma, o melhor - recomenda - é manter-se em tópicos que unam as pessoas, como memórias bonitas ou hobbies, evitando constrangimentos.
Por vezes, também poderá ser uma boa ideia ausentar-se, ainda que por instante e "ir dar uma volta lá fora".
Tânia Graça aconselha também a "definir o tempo de convívio" com aqueles familiares com quem se tem muito pouco em comum.
Posteriormente, defende: "É absolutamente legítima a escolha de não passar o Natal com a família".
"Nesta época não somos obrigados a estar com as pessoas com as quais nos sentimos verdadeiramente mal apenas para cumprir com determinadas convenções sociais", explica a psicóloga, notando que cada um tem a liberdade de avaliar a própria situação e definir o que é melhor para si baseado em experiências de anos passados. Assim, passar a época com amigos ou mesmo sozinho são escolhas igualmente válidas para alguém que considera ser a melhor opção tendo em conta o seu contexto familiar.
"Se for um esforço que nos drena verdadeiramente e à nossa saúde mental... não é esse o meu apelo", completa.














