Sudão: OMS confirma 114 mortos em ataques contra creche e hospital
- 08/12/2025
"Ataques repetidos no Estado de Kordofan do Sul, no Sudão, atingiram uma creche e, pelo menos três vezes, o hospital rural de Kalogi, localizado nas proximidades. O saldo é de 114 mortos, incluindo 63 crianças, e 35 feridos", anunciou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, citando uma estimativa do sistema da OMS de vigilância de ataques contra cuidados de saúde.
O chefe da unidade administrativa de Kalogi, Essam al-Din al-Sayed, anunciou no domingo à AFP que três ataques atingiram, em 04 de dezembro, "uma creche, depois um hospital" e, em seguida, "pessoas que tentavam socorrer as crianças" nesta cidade de Kordofan do Sul, controlada pelo exército sudanês.
O responsável local atribuiu o ataque aos paramilitares das Forças de Apoio Rápido (FSR), em guerra com o exército desde abril de 2023, e aos seus aliados do Movimento Popular de Libertação do Norte do Sudão.
"Os paramédicos e socorristas foram alvejados enquanto tentavam transportar os feridos da creche para o hospital", confirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, lamentando "estes ataques insensatos contra civis".
O primeiro-ministro do Sudão, Kamil Idris, acusou no domingo o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (FAR) de cometer um "crime de guerra" ao bombardear na quinta-feira o sul do país, matando pelo menos 114 pessoas, incluindo crianças.
Num comunicado, Kamil Idris classificou o bombardeamento como "um ato bárbaro e selvagem", que "constitui um crime de guerra em toda a sua extensão", confirmando "que a milícia cumpre todos os critérios para ser classificada como organização terrorista que ataca civis, incluindo crianças em idade pré-escolar".
O primeiro-ministro sudanês apelou às organizações internacionais e de direitos humanos para que "condenem este incidente atroz, sem precedentes e desumano, perpetrado pela milícia rebelde e por aqueles que a apoiam, financiam e treinam".
Os ataques em Kordofan intensificaram-se nos últimos meses, onde o exército sudanês controla a maior parte de dois dos três estados da região: Kordofan do Norte e Kordofan do Sul, enquanto as FAR e o seu aliado SPLM-N estão presentes em quase toda a região de Kordofan Ocidental.
A guerra no Sudão causou a morte de dezenas de milhares de pessoas e transformou o país no palco da pior crise humanitária do planeta, com mais de treze milhões de deslocados internos e externos e insegurança alimentar aguda que afeta mais da metade da população, segundo a ONU.
A OMS registou um total de 63 ataques contra estabelecimentos de saúde no Sudão este ano, que causaram 1.611 mortes e 259 feridos. Entre esses ataques, 52 atingiram o pessoal, 45 as infraestruturas e 32 os pacientes.
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