STRUP com “boas expectativas” para adesão à greve no Alentejo
- 09/12/2025
"Após o contacto que tivemos com os trabalhadores na sexta-feira, em que explicámos o perigo de o pacote laboral ser aprovado, estamos com boas expectativas" sobre a adesão para a região do Alentejo, disse hoje à agência Lusa Bruno Pires, dirigente do STRUP.
Segundo o mesmo sindicalista, coordenador da delegação de Setúbal daquele sindicato e que assegura a cobertura dos distritos alentejanos de Évora, Beja e Portalegre, "o impacto da greve geral vai notar-se".
"Temos boas expectativas para o distrito de Beja. Évora é mais complicado porque a realidade é outra e para Portalegre também estamos com boas expectativas", disse.
Para a profissão de motorista, as medidas que mais afetam estes trabalhadores no pacote laboral proposto pelo atual Governo são "o banco de horas individual" e "a questão do despedimento sem justa causa pelas empresas", alegou o dirigente sindical.
"São fatores que, a serem aprovados, vão levar um motorista a ter um ordenado base muito baixo e a perdas de vencimentos", argumentou Bruno Pires.
Segundo o dirigente do STRUP, "com a falta de motoristas que há em serviços públicos, os motoristas fazem muito trabalho extraordinário e as empresas, depois, podem utilizar os bancos de horas individuais e mandar o trabalhador para casa como se estivesse de férias, quando há menos serviço".
Bruno Pires explicou que, na região alentejana, através da concessão do serviço de transporte rodoviário coletivo por parte das comunidades intermunicipais à Rodoviária do Alentejo, foram criadas diversas empresas.
"Mas os motoristas são quase todos da Rodoviária do Alentejo, estão é cedidos a essas empresas", notou, afirmando esperar que adiram à greve "os motoristas das [carreiras] urbanas", que existem por exemplo nas capitais de distrito, e "os das empresas intermunicipais".
Os serviços "são quase todos assegurados só por um motorista" e, se este, "de manhã, não pegar ao serviço, automaticamente essa linha não é feita e não vai haver ligações com outras linhas", perspetivou, ressalvando que, no que toca à Rede Expressos, "é muito mais difícil" haver uma adesão elevada à greve geral.
A Lusa tentou hoje obter esclarecimentos da Rodoviária do Alentejo sobre a greve geral e se vai decretar serviços mínimos, mas não foi possível contactar a empresa por telefone, nem esta respondeu até ao início da noite à mensagem de correio eletrónico enviada.
A Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central (CIMAC) e a Câmara de Évora explicaram hoje à Lusa que têm contratos de concessão dos transportes com a Rodoviária do Alentejo, pelo que possuem apenas uma ação fiscalizadora do cumprimento desses mesmos contratos, não de gestão.
Fonte da Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA) também disse à Lusa que a concessão dos transportes está entregue à Rodoviária do Alentejo e que, até hoje, a empresa não tinha comunicado aos autarcas se vão ou não ser decretados serviços mínimos.
Por sua vez, o presidente da Câmara de Beja, Nuno Palma Ferro, disse à Lusa que, até ao momento, não existe "rigorosamente nada tratado", nem a autarquia solicitou serviços mínimos para os transportes urbanos, não possuindo "expectativas em relação à adesão" à greve geral.
A greve geral de quinta-feira contra o anteprojeto do Governo de reforma da legislação laboral será a primeira paralisação a juntar as duas centrais sindicais, CGTP e UGT, desde junho de 2013, altura em que Portugal estava sob intervenção da 'troika'.
As alterações previstas na proposta do Governo de reforma da legislação laboral visam várias áreas, como a parentalidade, despedimentos, alargamento dos prazos dos contratos e setores que passam a estar abrangidos por serviços mínimos em caso de greve.
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