Somália rejeita categoricamente reconhecimento israelita da Somalilândia
- 26/12/2025
A primeira reação das autoridades de Mogadíscio surgiu após um encontro diplomático a quatro entre o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Abdisalam Abdi Ali, e os seus homólogos do Egito, Badr Abdelati, da Turquia, Hakan Fidan, e do Djibuti, Abdolkader Husein Omar.
Num comunicado conjunto, os quatro países reafirmam "a total rejeição e condenação deste reconhecimento e reiteram o seu pleno apoio à unidade, soberania e integridade territorial da Somália".
Os quatro ministros denunciam a decisão israelita, como "um precedente perigoso e uma ameaça à paz e à segurança internacionais, bem como aos princípios estabelecidos do Direito Internacional e da Carta das Nações Unidas" e enfatizam a sua rejeição "a qualquer tentativa de impor uma nova realidade ou criar entidades paralelas que contrariem a legitimidade internacional e prejudiquem as oportunidades de alcançar a segurança, a estabilidade e o desenvolvimento".
Especialistas israelitas do Instituto de Estudos de Segurança Nacional (INSS) destacaram a importância de reconhecer a independência da Somalilândia por motivos estratégicos, dada a proximidade do território às posições da insurgência houthi do Iémen, refere a agência Europa Press.
Além disso, e de acordo com fontes da cadeia norte-americana CNN, Israel considerou a ideia de transferir à força os palestinianos de Gaza para o estado separatista, possibilidade hoje comentada pelos quatro ministros dos Negócios Estrangeiros.
Os signatários expressam, no comunicado emitido no final da reunião, o seu receio de que este acordo com a Somalilândia esteja diretamente ligado à guerra de Gaza e que o estado separatista somali possa tornar-se o destino de uma deslocação forçada e ilegal do povo palestiniano.
"As partes enfatizam a rejeição categórica de qualquer plano para deslocar o povo palestiniano para fora do seu território, que a grande maioria dos países do mundo rejeita de forma categorica", acrescentaram.
Israel tornou-se hoje o primeiro país a reconhecer formalmente a independência do estado separatista somali, seguindo "o espírito dos Acordos de Abraão", de normalização das relações com os países árabes, iniciativa do Presidente dos Estados Unidos,Donald Trump, formalizada em 2020, anunciou o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.
O Governo israelita já havia reconhecido pela primeira vez a independência da Somalilândia, em 1960, num contexto muito diferente do atual, durante os cinco dias de existência do chamado Estado da Somalilândia.
A Somalilândia autoproclamou a sua independência em 1991 e, embora mantenha certos contactos diplomáticos com vários países, nenhum Estado-membro da ONU reconhecia a sua existência, até agora.
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