"Sofrendo por ver os meus sofrer, esperei com tranquilidade este dia"
- 17/12/2025
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, falou, esta quarta-feira, aos jornalistas, depois de o Ministério Público ter anunciado o arquivamento da averiguação preventiva sobre a Spinumviva. Montenegro considerou que a investigação preventiva foi, "na prática, um inquérito criminal" e garantiu que se "disponibilizou" para ser ouvido.
"Ontem, fui notificado do despacho de arquivamento da averiguação preventiva promovida pelo MP na sequência de várias notícias e denúncias anónimas", disse no início da sua comunicação ao país, em Bruxelas, na Bélgica.
"Todas as notícias e denúncias que estiveram na origem destes procedimentos assentaram em insinuações, suspeições e especulações a que muitos aderiram e voluntariamente ampliaram no espaço político e mediático", acrescentou.
"Investigação preventiva foi um autêntico inquérito criminal"
Dirigindo-se sempre aos portugueses, Montenegro referiu que mesmo que essas denúncias "não tivessem sido acompanhadas de demonstrações probatórias suficientes e credíveis, a verdade é que entidades autónomas conduziram investigação autónoma".
"O Ministério Público coadjuvado pela Polícia Judiciária promoveu uma averiguação preventiva que, na prática, foi um autêntico inquérito criminal. Tal foi o alcance das diligências e os elementos probatórios apreciados", disse, acrescentando que "em certo sentido, se foi mais longe do que o normalmente admissível num inquérito, uma vez que os visados aceitaram uma total inversão do ónus da prova e alguns elementos solicitados e disponibilizados".
"Parece-me importante transmitir-vos, portugueses, que nesta averiguação, foram analisados movimentos e extratos bancários - meus, da minha mulher e dos meus filhos", detalhou, dizendo que foram também demonstrados neste âmbito os serviços prestados, as entidades dos clientes, valores cobrados, os prestadores dos serviços, demonstrações de resultados e a "a totalidade dos extratos bancários da sociedade Spinumviva desde o dia da sua constituição até ao momento".
"Foram aferidas as condições de independência, isenção e exclusividade do exercício de funções governativas. Eu próprio me disponibilizei para ser ouvido, o que aconteceu também", disse ainda.
"Nunca fui avençado desde que assumi presidência do PSD"
Montenegro considerou "justo e adequado" afirmar sem reservas: "Exerci sempre a função de primeiro-ministro em regime de exclusividade e nunca fui avençado de ninguém desde que assumi as funções de presidente do PSD. Tudo o que decidi no exercício de funções públicas foi atendendo ao interesse nacional, público e nunca atendendo a qualquer interesse particular".
Dizendo que a sociedade que fundou só teve receitas "em função dos concretos e efetivos serviços e trabalhos que prestou", Montenegro atirou: "Nem eu, nem a minha família, obtiveram qualquer vantagem indevida ou qualquer incremento patrimonial ilícito".
Montenegro apela a "mais autoestima". "Estou aqui para trabalhar"
O chefe de Governo disse que no país, que está a ser construído com "ética e confiança", "não são as capas de jornais, nem despachos de abertura de inquérito por denúncias infundadas que conduzem a política e democracia. Quem conduz a política é o povoe aqueles que o povo escolhe como seus legítimos representantes".
Falando do escrutínio jornalístico e judicial, que considerou "essenciais à democracia", avisou que estes deveriam "funcionar com regras", exibindo desta forma "histórias mal contadas". "Aqueles que ultrapassam os limites das regras e verdade, caem na tentação totalitária e o totalitarismo pode afetar o pensamento e conduta política, mas também jornalística ou judiciária", refletiu.
Luís Montenegro sublinhou que esperava o fim do processo: "Esperei com tranquilidade este dia. Sofrendo por ver os meus sofrer, mas imensamente tranquilo". "Continuarei firme a conduzir a governação do país", garantiu.
Falando num futuro bom para Portugal, com a sua capacidade para prosperar e sentido de responsabilidade, Montenegro avisou: "Temos de desenvolver uma cultura de maior autoestima, de maior confiança, de maior exigência. Uma mentalidade vencedora, com ética no trabalho e foco no resultado. E é para isso que aqui estou. E aqui estaria em qualquer circunstância, para continuar a trabalhar".
[Notícia atualizada às 20h36]
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