Simões Pereira regressa a Guiné-Bissau como candidato à presidência
- 14/09/2025
Simões Pereira fez o anúncio, em Lisboa, em Portugal, num encontro com a diáspora guineense, e explicou depois, em declarações à Lusa, que regressará a Bissau "esta semana", referindo-se à semana que se inicia na segunda-feira, sem avançar ainda uma data concreta.
A decisão do regresso surge a pouco mais de dois meses das eleições gerais, presidenciais e legislativas, marcadas para 23 de novembro, e depois de nove meses consecutivos de ausência Do país.
Domingos Simões Pereira tem passado a maior parte dos últimos dois anos fora da Guiné-Bissau, depois de ter sido deposto do cargo de presidente da Assembleia Nacional Popular, imediatamente a seguir à dissolução do parlamento pelo presidente da república, Umaro Sissoco Embaló, em dezembro de 2023.
O líder do PAIGC e da coligação PAI-Terra Ranka afastada do poder com a dissolução do parlamento, disse que fez, neste período de ausência, um périplo por vários países africanos e europeus, que incluiu encontros com entidades como a ONU e a UE, para informar a comunidade parceira da Guiné-Bissau sobre o regime em vigor no país.
Simões Pereira disse à Lusa que "não estaria a ser sincero" se dissesse não temer pela própria segurança no regresso a Bissau, mas considerou ter um compromisso político com o povo guineense de se colocar ao serviço da nação.
O presidente do PAIGC adiantou que vai apresentar-se no sábado, 20 de setembro, ao comité central do partido como candidato a candidato a presidente da república.
Se esta disponibilidade for aceite, será também apresentada a proposta de candidatura à coligação PAI-Terra Ranka, com a qual venceu com maioria absoluta as legislativas de junho de 2023 e se tornou presidente da Assembleia Nacional Popular, entregando o cargo de primeiro-ministro a Geraldo Martins.
Sobre as legislativas de 23 de novembro, em simultâneo com as presidenciais, Simões Pereira disse à Lusa que vai apresentar aos órgãos do partido um nome, que se escusou a divulgar, para primeiro-ministro, no caso de vitória eleitoral.
Garantiu ainda que os partidos da coligação PAI-Terra Ranka continuam unidos, mantendo-se em aberto a possibilidade de concertação para as eleições com a coligação API Cabas Garandi, opositora do Presidente Umaro Sissoco Embaló, para quem Simões Pereira perdeu as presidenciais de 2019, depois de uma disputa judicial.
O líder do PAIGC considerou que será "falta de coragem" do atual chefe de Estado, que já anunciou a recandidatura, "se continuar a utilizar subterfúgios para que não haja" este confronto eleitoral.
"A nossa candidatura é no sentido de devolver a paz e tranquilidade", afirmou, considerando que os últimos cinco anos "têm sido catastróficos", com "repressões, agressões e ultimamente assassinatos".
A expulsão recente da comunicação social portuguesa é para Simões Pereira mais uma mostra do que considera "défice democrático" e que "se alinha com tudo que tem vindo a ser construído na Guiné-Bissau".
"Como esses órgãos têm alguma liberdade, não podem lá estar nas eleições", apontou.
Simões Pereira afirmou prometer aos guineenses uma postura que "contrasta com os últimos cinco anos de agressão ao povo e exploração dos recursos naturais".
O presidente da república, Umaro Sissoco Embaló, disse hoje que Domingos Simões Pereira pode regressar à Guiné-Bissau "sem nenhum problema", em declarações à comunicação social guineense, no regresso de uma viagem a Paris, em que foi condecorado pela Interpol, a organização internacional da polícia criminal, pela cooperação no combate à criminalidade.
Embaló disse que quer Simões Pereira nas eleições presidenciais para o derrotar novamente e acrescentou que quem perder deverá aceitar os resultados das urnas sem contestação.
No quadro das eleições agendadas para 23 de novembro, a Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB) já aprovou, também, a candidatura do líder Nuno Gomes Nabiam a presidente da república.
Se Nuno Nabiam avançar será a terceira vez que se candidata à presidência da República da Guiné-Bissau, com a indicação do partido de poder negociar acordos de coligação eleitoral com outras forças partidárias.
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