Senadora australiana usa burca no parlamento e causa revolta: "Racismo"
- 24/11/2025
A senadora australiana e líder do partido de extrema-direita One Nation, Pauline Hanson, provocou indignação no parlamento por ter usado burca após ter defendido a proibição da veste muçulmana. O episódio foi condenado, tendo um dos seus colegas - uma senadora muçulmano - acusado Hanson de "racismo flagrante".
Conta a BBC News que a senadora de Queensland queria apresentar um projeto de lei que proibiria o uso de vestes muçulmanas que tapam o rosto em público. Um assunto pelo qual a senadora faz já campanha há algum tempo.
Esta é, aliás, a segunda vez que Pauline Hanson aparece no parlamento australiano com uma burca, afirmando que esta iniciativa era uma forma de protesto contra a rejeição do seu projeto de lei pelo Senado.
O sucedido aconteceu esta segunda-feira quando Hanson tentava apresentar o projeto de lei, mas acabou por ser impedida pelos seus colegas senadores. Assim, saiu da sala e regressou envergando uma burca.
"Esta é uma senadora racista, que demonstra um racismo flagrante", apontou a senadora muçulmana do Partido Verde de Nova Gales do Sul, Mehreen Faruqi.
Uma outra senadora classificou o episódio como "vergonhoso". Já a ministra dos Negócios Estrangeiros, que é a líder do governo no parlamento australiano, condenou o sucedido, descrevendo-o como "desrespeitoso".
"Representamos nos nossos estados pessoas de todas as crenças e origens. Devemos fazer isso com dignidade", referiu, acrescentando que Hanson "não era digna de ser membro do Senado australiano" e apresentou uma moção para suspender a líder do One Nation por não ter tirado a peça de roupa.
De notar que, em 2017, a senadora também apareceu vestida com uma burca no parlamento, tendo pedido a proibição do seu uso a nível nacional.
© Malcolm Farnsworth/Youtube"Se não querem que use, proíbam-na"
Mais tarde, numa publicação no Facebook, a senadora que escreveu que o "Senado impediu a apresentação do projeto de lei para banir a burca e outros véus em locais públicos".
"Apesar da proibição em 24 países ao redor do mundo (incluindo países islâmicos), os hipócritas do nosso parlamento rejeitaram o meu projeto de lei. Então, se o parlamento não o proibir, eu vou exibir esse véu opressivo, radical e não-religioso que arrisca a nossa segurança nacional e o mau tratamento das mulheres", escreveu.
E acrescentou: "Se não querem que use - proíbam a burca".
Quais são os países onde o uso de burca é proibido?
Mais de 20 países proibiram o uso em espaços públicos de burcas e outros véus que cubram o rosto das mulheres, alegando proteção de valores seculares, combate ao extremismo religioso ou mesmo razões de segurança pública.
França, Áustria, Alemanha, Bélgica, Bulgária, Dinamarca, Espanha, Itália ou Portugal (desde outubro deste ano) são alguns dos países que integram esta lista.
Burca, niqab, hijab... O que são e quais as diferenças?
Burca
O mais conhecido (e o que mais gera polémica) é a burca. Uma peça de roupa que cobre a mulher da cabeça aos pés, com os olhos cobertos por uma rede.
Niqab
Segue-se o niqab. É semelhante à burca, cobrindo na totalidade o corpo da mulher. De fora ficam apenas os olhos.
Hijab
O hijab é um dos véus islâmicos mais usados. O lenço cobre o cabelo, orelhas e pescoço da mulher, mas o rosto fica a descoberto. Ao contrário do que acontece com os dois trajes acima, tipicamente escuros, o hijab pode ter cores e padrões diferentes.
Chador
De igual forma, o chador também continua a ser permitido. A veste assemelha-se mais a um véu ou uma capa que cobre todo o corpo, exceto a cara, de forma fluída.
Abaya
Por último, na lista de peças de roupa, surge a abaya. Trata-se de um vestido ou manto longo, esvoaçante e leve. Cobre todo o corpo, exceto a cabeça, mãos e pés e começa nos ombros, indo quase até ao chão. Por norma, é usada em conjunto com o hijab.
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