"Sem crescimento económico inclusivo, chegam os populismos"
- 10/12/2025
Philippe Aghion, que há três décadas se dedica a descrever o que impulsiona o crescimento económico com base na inovação, afirmou hoje que "sem crescimento económico inclusivo, chegam os populismos".
Numa entrevista à EFE realizada pouco antes de receber o Nobel, o economista, que leciona em Paris e Londres, foi questionado sobre a atual situação política e económica nos Estados Unidos da América e disse que o país "corre o risco de cair num capitalismo clientelista, em que um grupo de empresários captura o governo e impede a entrada de novos talentos no sistema económico".
Desta forma, o vencedor no Prémio Nobel de Economia refere ser necessário manter uma política de concorrência eficaz, capaz de preservar os mecanismos democráticos.
A nível europeu, Philippe Aghion diz que o seu principal problema "é não conseguir implementar inovações revolucionárias porque não" existe "um ecossistema adequado para tal".
"Falta um mercado único, um ecossistema financeiro propício à inovação e não temos uma política industrial forte. As grandes empresas inovadoras na Europa são hoje as mesmas de há 25 anos. Isso não acontece nos Estados Unidos. Continuamos a ser uma economia de tecnologia média, enquanto os Estados Unidos ou a China deram o salto para a alta tecnologia", explicou.
Ainda assim, o laureado considera que a Europa supera os Estados Unidos em todos os valores capazes de atrair pessoas com talento, mas para que este talento se instale é preciso um mercado único e um sistema educativo mais ligado ao mundo do trabalho.
Philippe Aghion disse ainda que não concorda com a ideia difundida "nas empresas europeias de se livrar dos trabalhadores à medida de que eles completam 50 anos", uma vez que "o sistema económico beneficia da contribuição de pessoas com todas as idades".
Neste sentido, "não é possível prosperar na Europa sem imigração".
"Temos uma população maioritariamente envelhecida, o que nos torna menos inovadores. É preciso que cheguem jovens imigrantes decididos a trabalhar, a trazer novas ideias e dinamizar a economia", rematou.
Philippe Aghion salienta que a inovação e as reformas necessárias devem sempre ser "acompanhadas de oportunidades para todos, independentemente da sua origem, para que tenham acesso a uma boa educação e proteção social. Quando o crescimento não é inclusivo, abre-se a porta ao populismo".
Leia Também: Corina Machado afinal vai mesmo a Oslo (mas não recebe prémio em mãos)
