Secretário de Estado da Agricultura investigado por suspeita de corrupção
- 15/09/2025
O secretário de Estado da Agricultura, João Moura, está a ser investigado pela Polícia Judiciária (PJ) por suspeitas de corrupção e branqueamento de capitais, através de uma alegada circulação de dinheiro entre as suas empresas.
De acordo com o Correio da Manhã, que avança com a notícia em primeira mão, as suspeitas incidem sobre negócios das empresas de João Moura.
Recentemente, a PJ terá mesmo solicitado à Câmara da Golegã informações sobre as sociedades do governante. Neste município do distrito de Santarém, uma das empresas do secretário de Estado, a Quadradoaometro, tem um imóvel de luxo, no qual já investiu cerca de 600 mil euros.
Ainda segundo o matutino, nas declarações de rendimentos que entregou à Entidade para a Transparência (EpT), enquanto secretário de Estado da Agricultura, João Moura declarou ser sócio de duas empresas: Quadradoaometro e Metric Memory. Ambas as sociedades têm como sócios o governante e a mulher, cada um com uma quota de 50%.
Recorda ainda o Correio da Manhã que João Moura esteve ligado a João Gama Leão, um dos grandes devedores do Novo Banco (NB), com o qual trabalhou no Grupo Prebuild, e foi acionista de uma sociedade offshore da Prebuild.
A ligação do atual secretário de Estado da Agricultura a Gama Leão e à offshore Legomix Trading Limited, com sede em Malta, foi feita na audição de Gama Leão no Parlamento, em maio de 2017, por Hugo Carneiro, deputado do PSD.
Quanto às empresas de João Moura. Ao que se sabe, a Quadradoaometro é um gabinete de engenharia, enquanto que a Metric Memory tem diversas vertentes, uma vez que tem um turismo rural, faz animação turística, tem uma exploração agrícola e animal, importa e exporta produtos alimentares, bebidas, têxteis, vestuário, calçado, acessórios. Tem ainda atividades de restauração e similares e faz consultoria para negócios e gestão.
Sócio de empresa com imóvel de luxo não declarado à EpT
Já na sexta-feira, o mesmo jornal tinha revelado que João Moura tinha uma empresa com uma casa de luxo no Ribatejo, no âmbito de um projeto de turismo russo da Quadradoaometro, do qual é sócio com a mulher, que não foi declarada à Entidade para a Transparência (EpT).
O governante garantiu ter suspendido a quota de 50% da empresa, mas não conseguiu registar a suspensão da quota no registo comercial porque foi impedido pelo Código do Registo Comercial. Uma vez que a casa de luxo está no nome da empresa, João Moura não a declarou à EpT, salientando não a usar como habitação, apesar de assumir que já o fez.
"Resido no concelho de Ourém há 54 anos e aí pretendo continuar a residir. Este facto não me impede que, aos fins de semana ou férias e quando as minhas funções o permitam, possa, livremente deslocar-me, permanecer ou pernoitar onde bem entender, liberdade da qual nunca prescindirei", esclareceu ao Correio da Manhã, garantindo que "não há qualquer conflito de interesses legal e ético". "Nunca, jamais permitirei que haja qualquer colisão legal ou qualquer colisão minimamente ética", assegurou.
A casa de luxo, dedicada ao agroturismo, fica localizada no largo da Feira da Golegã, com uma área total de 795 m2: segundo a autarquia, é composta por "três pisos, com 12 unidades de alojamento para hóspedes, mais uma de apoio, zonas comuns, lounge, refeições e um estábulo".
De acordo com a gerência, a empresa investiu quase 600 mil euros, sendo que a casa de luxo está avaliada em cerca de dois milhões de euros.
Na declaração à EpT, João Moura declarou a quota na empresa, mas não há referência à sua suspensão, o que, segundo fonte do setor do notariado, "a suspensão não tem qualquer efeito e a pessoa mantém-se como sócio efetivo da empresa" se esta não for registada.
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