Se a FPF pagasse bem, Quenda não faria Roberto Martínez passar vergonhas
- 01/12/2025
A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) paga mal. Essa é, neste momento, a única justificação possível para que Roberto Martínez continue a acumular o cargo de selecionador nacional com o de comentador desportivo, como voltou a acontecer, na passada semana, tanto na segunda-feira como na terça-feira.
Primeiro, o espanhol esteve no programa Monday Night Football, da estação televisiva britânica Sky Sports, onde falou de tudo um pouco, começando, claro está, pela importância que Cristiano Ronaldo tem para Portugal, atuando, uma vez mais, como um dos seus mais apaixonados defensores, até mesmo além do razoável, face ao que se tem passado, dentro e fora das quatro linhas.
Depois, deu uma 'perninha' na Amazon Prime Video, que o levou a Stamford Bridge, para analisar a categórica vitória do Chelsea sobre o Barcelona, por 3-0. Isto, numa jornada da Liga dos Campeões na qual teve a oportunidade de observar as vitórias, ora do Benfica (sobre o Ajax, por 0-2), ora do Sporting (sobre o Club Brugge, por 3-0)... mas optou por não o fazer.
O que é uma pena, porque, se tivesse escolhido deslocar-se ao Estádio José Alvalade, teria tido a chance, por exemplo, de ver aquilo que fez Geovany Quenda, um dos mais promissores jogadores da última década do futebol português, que, inexplicavelmente, continua a aguardar pela estreia ao mais alto nível do panorama internacional.
O canhoto foi o principal motor da equipa orientada por Rui Borges, coroando (mais) uma boa exibição com um golo e uma assistência. Aos 18 anos de idade é já titular indiscutível, no Sporting, demonstrando valências para atuar, ora na ala esquerda, ora na ala direita, ora, inclusive, enquanto lateral de vertigem.
Curiosamente, a polivalência tem sido um dos principais argumentos utilizados por Roberto Martínez para justificar algumas das suas mais questionáveis escolhas. No entanto, no caso de Geovany Quenda, nem esta capacidade de adaptação, nem a qualidade técnica, nem o cada vez mais apurado sentido de golo, parecem valer-lhe de algo.
Curiosamente, do outro lado, esteve Carlos Forbs, que tem as suas qualidades, mas que, aos 21 anos de idade, tarda a impor-se a um nível elevado. Ainda assim, a verdade é que já teve a sorte de poder somar os primeiros minutos pela principal seleção nacional, uma honra pela qual o compatriota continua a aguardar.
Mas isto não é só sobre Geovany Quenda. Basta olhar um pouco mais para Norte, para o FC Porto, onde Rodrigo Mora tem feito 'das tripas coração' para contrariar a teimosia de Francesco Farioli, pincelando 'magia' nas oportunidades que vai merecendo, aqui e ali, mas que continua a passar ao lado do radar de Roberto Martínez.
A própria dupla Vitinha-João Neves, responsável por aquele que é, reconhecidamente, um dos melhores (se não o melhor) meio-campo do mundo, o do Paris Saint-Germain, só recentemente começou a ser utilizada com regularidade, na seleção nacional, por muito que o espanhol tenha reclamado louros por criá-la.
Portugal está no Campeonato do Mundo de 2026, e mal seria se não estivesse. No entanto, isso não pode silenciar as questões atrás de questões que vão surgindo a propósito das opções de Roberto Martínez. Neste momento, só mesmo a eventualidade de o contrato com a FPF ser a part-time justifica grande parte delas.
Leia Também: Dos árbitros aos jogadores. Mourinho é uma bomba por rebentar no Benfica













