Reininho, Rita Braga e "da Vinci" de Pombal juntam-se para bordado sonoro
- 27/11/2025
Leonardo Pinto, que se apresentou pela primeira vez em palco com o projeto Thispage aos 15 anos, é carinhosamente apelidado por Rita Braga e Rui Reininho de "da Vinci", pela sua pulsão para saber e dominar diferentes artes -- além da música, também desenha, com edições de autor em que segue a filosofia de DIY ("do it yourself" ou "faça você mesmo", em português).
O jovem ainda se lembra de quando foi desafiado pela Casa Varela para uma residência, inicialmente apenas com o músico Rui Reininho. Estava a almoçar em casa da sua avó quando recebeu o telefonema e admite que ficou "pasmado".
"É uma honra enorme poder estar aqui neste projeto com dois mestres da música. E as histórias são maravilhosas de se ouvir, as conversas, os jantares, os mundos", disse aos jornalistas o músico.
Ao fim de mais de uma semana de residência artística na Casa Varela e com o concerto a acontecer na sexta-feira, no auditório municipal, Rui Reininho fala do jovem de 17 anos que divide a residência com as aulas de 12.º ano como um "florentino" (artistas renascentistas de Florença).
"É um rapaz que aborda vários tipos de arte e que não se reduz a uma ou duas dimensionalidades. Acho que não podemos falar só de um Leonardo como músico, mas como uma entidade", diz.
O vocalista dos GNR olha para Leonardo Pinto como um "esteta, com capacidade cenográfica, com visão do além e com um belo retrovisor para ver para trás, com conhecimento".
"É muito raro. Eu vejo toda uma geração que está vidrada [no telemóvel] e acho que esta criatura maravilhosa está num método quase astronáutico. Foi para o espaço. Vê-nos de cima, vê-nos de baixo", conta.
Falando de uma dimensão espacial, para Pombal, o vocalista dos GNR trouxe também na bagagem o seu projeto a solo "20.000 Éguas Submarinas" (pelo qual Leonardo tem especial interesse), os seus gongos e esse seu lado mais experimental.
Os três músicos de três gerações distintas chegaram no dia 17 de novembro à Casa Varela, depois de algumas conversas exploratórias antes da residência artística.
Na sexta-feira, serão tocadas uma música de cada um, mas o espetáculo irá incidir sobretudo em torno das canções originais que foram criando naquela estrutura da Câmara de Pombal, situada entre o rio Arunca e os caminhos-de-ferro.
O início -- "assustador", diz Reininho -- foi desbloqueado a partir do improviso entre os três.
"Há um lado de canção e um lado de experimentalismo", conta Rita Braga.
Em palco, num cenário que será minimalista, estarão acompanhados de vários instrumentos: guitarra, baixo, sintetizadores, garrafas, adufes, melódica, ukelele (presença constante na carreira de Rita), uma caixa de ritmos e "uma caixa de pensões", acrescenta Rui Reininho, referindo que dessa "não sai grande som".
"Cada dia vai crescendo e melhorando", diz Rita Braga, que se juntou àquele que era para ser inicialmente um duo, mas que Reininho achou que poderia complementar o encontro.
O encontro entre os três foi fácil, contam.
"É ouvir as outras pessoas e dar espaço", conta Rui, que aponta para Leonardo como um músico que assume, ao mesmo tempo, maturidade e inocência, com quem os outros dois falam à vontade.
Os ensaios decorrem sobretudo à tarde, que Leonardo ainda tem aulas e tenta equilibrar-se entre esses dois mundos distintos -- até agora só teve uma falta, "mas justificada", conta.
A um dia da apresentação, o músico dos GNR acredita que o espetáculo de sexta-feira, que será posteriormente transmitido na RTP e editado em disco, "é capaz de ser uma coisinha mesmo interessante".
Rui Reininho diz que, apesar de serem três e da apetência pelo experimental, não estarão em palco "uns Young Gods [trio suíço de rock industrial]", mas antes, talvez, algo próximo de um bordado que está entre a canção e o experimentalismo, classificando a própria música do jovem artista de Pombal como um "folk punk rendeiro".
Sobre o futuro, Leonardo espera acabar o secundário e seguir animação - talvez em Lisboa - e conciliar isso com a música.
"Temos que saber várias coisas e fazer mil e uma coisas - ser um homem renascentista", disse.
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