Reforma na Justiça? "Não acredito neste nem noutro Governo", diz Rui Rio
- 21/11/2025
O antigo presidente do PSD, e principal líder da oposição quando António Costa era primeiro-ministro, Rui Rio, afirmou na noite desta sexta-feira que não acredita neste, ou em qualquer outro, Governo para levar a cabo uma reforma da Justiça.
"Não é tanto não acredito neste Governo. Não acredito neste nem acreditaria num outro. Não acredito que em termos políticos, nas circunstâncias que vivemos, que haja coragem para o fazer", confessou Rui Rio em entrevista à SIC Notícias.
O antigo presidente do PSD comentava a situação conhecida ontem, através de uma notícia do Diário de Notícias, de que António Costa teria sido ouvido em 22 escutas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), de forma indireta, sem o conhecimento ou autorização do Supremo Tribunal de Justiça (STJ).
A PGR admitiu esta sexta-feira que, "por razões técnicas", estas escutas tinham sido omitidas, mas reconheceu a existência de apenas sete.
Rui Rio - que tem sido um fervoroso apoiante de uma reforma na Justiça - deixou ainda uma crítica dura à ministra desta pasta, que, horas antes, tinha pedido aos portugueses para confiarem nas instituições.
"A ministra da Justiça ao dizer isso que disse é o equivalente ao que dizia o Dr. António Costa há uns anos: 'à justiça o que é da justiça, à política o que é da política'. São frases feitas que significam que não queremos dizer nada e que não queremos fazer nada, queremos que continue tudo na mesma", atirou.
Para Rui Rio, esta situação é "mais do que uma ilegalidade": Foi cometido um crime" e "gravíssimo".
"Durante cinco anos o Ministério Público (MP) sabia e não fez nada [...] e manteve essas escutas sem dar conhecimento ao presidente do STJ", sublinhou.
Parágrafo que derrubou Governo? "Muito provavelmente..."
Rui Rio foi mais além e considerou que o parágrafo que levou António Costa a demitir-se do cargo de primeiro-ministro pode ter tido como base estas escutas, supostamente, ilegais.
"Pior ainda: aparece aquele parágrafo que derrubou o governo - que obrigou o primeiro-ministro a demitir-se, e percebemos agora que muito provavelmente esse parágrafo foi escrito com base nas tais escutas que eram proibidas", afirmou.
"E eu pergunto, quem é que vai abrir a investigação aos procuradores, ou à procuradora, que cometeu este crime?", questionou. "E se abrir, vai ser um inquérito que vai ser feito da forma que foi feita a todas as pessoas, ou vai ser feito com o toque coletivo para tentar esconder alguma coisa?"
Perguntado sobre os esclarecimentos dados pela PGR, Rui Rio mostrou-se cético.
"Eu vou ser sincero, o MP dá as explicações que quiser dar, é preciso é que nós tenhamos condições para acreditar", frisou. "E face a tudo que se tem passado ao longo dos últimos anos em Portugal, eu tenho muita dificuldade em acreditar no MP", admitiu.
Leia Também: Escutas? Gouveia e Melo considera que se passou "limite do razoável"














