RDCongo e Ruanda assinam acordo de paz na presença de Trump
- 04/12/2025
"Hoje, estamos a triunfar onde tantos outros falharam e esta tornou-se a oitava guerra que terminamos em menos de um ano. É realmente emocionante, porque falamos de 30 anos de luta e mais de dez milhões de vidas", disse o chefe de Estado norte-americano, Donald Trump, durante a cerimónia da assinatura do acordo de paz.
Trump detalhou que o acordo contempla um cessar-fogo permanente, o desarmamento das forças não-estatais, o retorno dos refugiados e a responsabilização para aqueles que cometeram atrocidades.
O pacto inclui ainda uma componente económica, ao conceder aos Estados Unidos da América (EUA) acesso preferencial a minerais estratégicos da região.
"Passaram muito tempo a matar-se uns aos outros, e agora vão passar muito tempo a abraçar-se, a dar as mãos e a aproveitar-se economicamente dos EUA", brincou o republicano.
Os Presidentes de ambos os países africanos agradeceram ao líder norte-americano pela sua participação no acordo, mas esclareceram que, se "as coisas não correrem como deveriam", a responsabilidade não recairá sobre Trump.
"Cabe a nós, em África, trabalhar com os nossos parceiros, para consolidar e ampliar esta paz", garantiu o Presidente ruandês, Paul Kagame, durante a sua intervenção.
Por sua vez, o chefe de Estado congolês, Félix Tshisekedi, mostrou-se esperançoso: "Seremos lúcidos, mas firmemente otimistas. Estes acordos de Washington para a paz e a prosperidade devem ser para os nossos povos um símbolo de um compromisso irreversível", acrescentou.
O ato também contou com a presença dos Presidentes de Angola, Burundi e Quénia e representantes do Uganda e Togo, entre outros países.
A cerimónia de assinatura foi realizada na sede do Instituto da Paz dos Estados Unidos, um organismo independente criado pelo Congresso, que agora está sob o controlo do departamento de Estado e foi rebatizado com o nome de Trump.
O republicano afirma ter posto fim a oito guerras.
Desde 1998, o leste da RDCongo, nação vizinha de Angola, vive um conflito alimentado por grupos rebeldes e pelo exército, apesar do destacamento de uma missão de paz da ONU (Monusco).
A crise no leste congolês agravou-se no final de janeiro quando o grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23), apoiado pelo Ruanda - segundo a ONU e vários países ocidentais -, tomou o controlo de Goma, capital da província do Kivu do Norte, e semanas depois de Bukavu, capital da vizinha Kivu do Sul.
Em junho, a RDCongo e o Ruanda ratificaram o acordo de paz em Washington, durante uma cerimónia no departamento de Estado, com a presença do secretário de Estado, Marco Rubio, e dos ministros dos Negócios Estrangeiros de ambos os países.
Contudo, a violência continuou na região, e em novembro representantes da RDCongo e do grupo rebelde M23 assinaram, em Doha, um acordo-quadro, mediado pelo Qatar, com o objetivo de alcançar uma paz definitiva.
O Presidente angolano, que participou na cerimónia na qualidade de presidente em exercício da União Africana, chegou a mediar o conflito, missão que suspendeu em março último depois de fracassada uma reunião em Luanda entre delegações da RDCongo e do M23, no mesmo dia em que se realizou o encontro em Doha entre Tshisekedi e Kagamé, sem o conhecimento de Angola.
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