Ramayya Krishnan: Há oportunidades na construção de infraestruturas de IA
- 02/12/2025
Ramayya Krishnan foi um dos oradores do Responsble AI Forum 2025, que decorreu em 25 de novembro em Lisboa, onde abordou o tema da inteligência artificial (IA) e o futuro do trabalho.
Questionado sobre como vê o futuro do trabalho com a IA, na medida em que a tecnologia está a evoluir a um ritmo acelerado, o professor catedrático e diretor do AI Measurement Science & Engineering Center da Carnegie Mellon University (CMU) refere que, "a um nível", a inteligência artificial "está a desenvolver-se rapidamente".
"Para ser honesto, penso que no curto prazo vejo a maior oportunidade realmente na construção de infraestruturas para a IA", ou seja, centros de dados [data centers] e das gigafábricas [gigafactories], "coisas dessa natureza", aponta o responsável, que integrou o comité Consultivo Nacional de IA dos EUA.
Esses são trabalhos "na construção, trabalhos especializados, que são sobre como é que se constroem realmente estes centros de dados", prossegue.
Geralmente, "decorrem entre 18 a 24 meses, e é muito emprego", porque são necessários eletricistas, pessoas que trabalhem na construção.
Ou seja, "muitas competências, pessoas qualificadas são necessárias. De facto, nos EUA isso é uma grande preocupação, não termos pessoas suficientes para realizar esta enorme construção de infraestruturas que está a acontecer. Portanto, penso que isso é no curto prazo", adianta.
"No médio prazo", entre três a cinco anos --- porque "uma vez construídos estes centros de dados, o número de pessoas necessário para gerir os centros de dados é muito pequeno, é preciso muita gente para os construir, mas para os gerir muito poucos" --, "é necessário ter uma estratégia sobre o que se vai fazer com os centros de dados e com a IA" que está nessas infraestruturas, diz.
"É por isso que é preciso construir centros translacionais a jusante (...), o que na verdade leva as pequenas e médias empresas, outros negócios e o setor público a adotar a IA, permitindo assim que surjam novos tipos de trabalho", tendo que formar as pessoas para esse tipo de trabalho, acrescenta Ramayya Krishnan.
Agora, "como isso se vai desenrolar é muito menos claro, a primeira parte, tem muito mais clareza", considera.
"Não posso dizer que daqui a cinco anos vai ser isto ou aquilo porque penso que as coisas provavelmente vão mudar. Como exatamente vão mudar, vamos descobrir", reflete.
Os primeiros sinais são, por exemplo, no desenvolvimento de 'software, "vê-se a implementação de copilotos; no serviço ao cliente, vê-se a implementação de IA" e "isso ainda não levou a uma redução muito significativa no emprego", diz.
Portanto, "não é como se a IA fosse ser implementada e muitas pessoas fossem perder os empregos", isso "ainda não é claro".
Em suma, "haverá um grande aumento na construção de infraestruturas". Depois, como exatamente a IA será integrada e implementada: vai aumentar o trabalho humano ou substituir o trabalho humano, fará diferença em termos de qual é exatamente o conjunto de competências de que as pessoas vão precisar, são algumas das questões.
"Uma vez que a IA seja utilizada, isso não significa que a quantidade de trabalho tenha de permanecer fixa. Pode-se aumentar o bolo de forma a que pode exigir mais pessoas para fazer o trabalho", diz.
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