"Quem foi contra quem?". Arbitragem do Benfica-Famalicão desata polémica
- 23/12/2025
O Benfica recebeu e bateu, esta segunda-feira, o Famalicão, por 1-0, igualando, desta maneira, o Sporting, na segunda posição da I Liga, graças a uma grande penalidade convertida por Vangelis Pavlidis, à passagem dos 33 minutos, na sequência de um lance dividido entre Justin de Haas e Nicolás Otamendi, na grande área dos minhotos.
André Narciso, árbitro da Associação de Futebol de Setúbal, começou por nada assinalar, mas, após indicação do VAR, reviu as imagens do lance, e acabou por apontar para a marca dos 11 metros, perante protestos veementes por parte da formação visitante, que ganharam outro tom, após o apito final, quando Miguel Ribeiro, presidente da SAD, foi à sala de imprensa do Estádio da Luz para contestar o mesmo.
"Entendo que o que vivemos aqui hoje é caso para ser estudado pelo IPMA [Instituto Português do Mar e da Atmosfera], assistimos a uma réplica do ciclone dos Açores e lamento que um clube que está a crescer, um treinador que tem proposta de jogo com qualidade, seja vítima de uma réplica do ciclone dos Açores", começou por afirmar.
"Estamos longe, mas será algo para ser estudado pelo IPMA, não encontro por outra instituição para o fazer", acrescentou, referindo-se ao também ele controverso triunfo conquistado pelo Sporting sobre o Santa Clara, no Estádio de São Miguel, por 2-3, após prolongamento, nos oitavos de final da Taça de Portugal.
"Quem foi contra quem?"
Instantes depois, foi a vez de o treinador do Famalicão, Hugo Oliveira, comparecer perante os jornalistas, para reforçar o tom de indignação: "Acabou por ser decidido num detalhe que acabou por pender para o lado do adversário. Quando saltamos, controlamos o que está à nossa frente, temos de abrir os braços. Quem foi contra quem? É a pergunta que deixo no ar".
"Está cada vez mais difícil ser árbitro de futebol em Portugal. Não desejo a ninguém ser árbitro de futebol em Portugal. É extremamente difícil. Primeiro, por todas as decisões a tomar em campo. Há sempre alguém que não está satisfeito. Depois, porque há sempre alguém que vem de cima com imagens televisiva do pára, arranca, anda para a frente, anda para trás, o frame...", refletiu.
"O movimento humano não é um movimento frame a frame, quem entende a perceção da televisão, do movimento, da imagem, sabe que no frame as imagens enganam. O movimento não é tão natural. Era uma daquelas situações em que tenho saudades de quando o árbitro tomava uma decisão", prosseguiu.
"A opinião alheia chegou como sendo tecnologia, mas o que chegou foi opinião. E quanto mais opiniões tivermos, mais dificuldade temos em ser unânimes. Há momentos do jogo em que os meus jogadores, eu, outros treinadores, outros jogadores, já não sabemos se é penálti. E isso é extremamente complicado", rematou.
"De meteorologia, não percebo nada..."
José Mourinho, técnico do Benfica, por seu lado, aplaudiu a decisão tomada por André Narciso, catalogando-a de "fácil". Já quando desafiado a comentar a tomada de posição por parte de Miguel Ribeiro, acabou por 'sacar' da ironia: "De meteorologia, não percebo nada... Limito-me a ir ver ao telemóvel".
"O que é que eu tenho a ver com o Santa Clara-Sporting? Não faço comentários. Acho que o que aconteceu no Santa Clara-Sporting foi demasiado óbvio. Acho que ninguém tem dúvidas do que aconteceu. Há quem fale muito, há quem fale pouco", apontou.
"Decidi não dizer nada, não me interessa ser capa de jornal ou alimentar comentadores de TV. Simplesmente, não me apetece. Foi dita tanta coisa... Há uma unanimidade que normalmente não existe. Vou falar para quê?", concluiu.
