Quase 72 mil pessoas deslocadas numa semana em Nampula
- 25/11/2025
De acordo com um relatório de campo daquela agência das Nações Unidas, os recentes ataques de grupos armados não estatais no distrito de Memba, entre 10 e 17 de novembro, desencadearam novas deslocações, agravando a escalada da violência no norte de Moçambique em 2025.
Citando dados e atualizações de organizações estatais e humanitárias que monitorizam o conflito no norte de Moçambique, a OIM assinala que, entre 16 e 23 de novembro, foi confirmada a deslocação de 14.172 famílias (71.983 pessoas) com destino a Eráti, distrito da mesma província.
De acordo com o documento, os principais pontos de concentração dos deslocados incluem a sede do posto administrativo de Alua, que acolhe 10.169 famílias (49.924 pessoas), Miliva, com 1.634 famílias (8.895 pessoas) e a Escola Primária de Alua Velha, com 2.369 famílias (13.164 pessoas), sendo as crianças 67% (47.964) da população deslocada.
"Os centros de acolhimento continuam congestionados, com as famílias a ocuparem salas de aula, tendas ou espaços abertos. Estas condições aumentam a exposição às chuvas, o acesso limitado à água, saneamento e higiene e os riscos para a saúde relacionados", alerta-se.
Segundo a OIM, as mulheres, raparigas, idosos e as pessoas com deficiência enfrentam vulnerabilidades ainda maiores, incluindo a exposição à violência baseada no género, falta de privacidade e o acesso limitado a instalações.
A organização acrescenta que existem, entre os deslocados, crianças não acompanhadas e separadas, além de relatos de perda de documentos civis e aumento do sofrimento psicossocial, "particularmente entre os que fugiram a pé durante vários dias".
"O Governo e os parceiros estão a prestar assistência imediata, incluindo alimentação, abrigo de emergência, higiene, saúde e apoio à proteção. No entanto, os recursos continuam a ser amplamente limitados e o número de novas chegadas continua a superar a capacidade disponível", explica aquela agência da ONU, alertando para a urgência no "alargamento coordenado do apoio" entre os setores para atender as necessidades prioritárias e melhorar as condições nos centros de acolhimento.
Pelo menos cinco pessoas morreram nos recentes ataques extremistas em Memba, norte de Moçambique, disse em 18 de novembro o governador da província de Nampula, Eduardo Abdula, alertando que o número pode aumentar devido à falta de informação de zonas ainda inacessíveis.
A instabilidade levou ainda à suspensão de vários projetos públicos em Memba, incluindo a construção de um centro de saúde e o sistema de abastecimento de água do distrito.
Elementos associados ao grupo extremista Estado Islâmico reivindicaram a autoria de pelo menos dois ataques na província moçambicana de Nampula, provocando a morte de cinco cristãos, noticiou anteriormente a Lusa. Na reivindicação, feita através dos canais de propaganda do grupo, refere-se que num dos ataques a uma aldeia "capturaram e mataram quatro cristãos a tiro" e que queimaram uma igreja. Noutro local assumiram que mataram um cristão e queimaram duas casas.
A província de Cabo Delgado, também no norte de Moçambique, rica em gás, é alvo de ataques extremistas há oito anos, com o primeiro ataque registado em 05 de outubro de 2017, no distrito de Mocímboa da Praia.
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