"Quando chegar a hora, estabeleceremos grupos de pioneiros em Gaza"
- 23/12/2025
As declarações de Israel Katz contariam as exigências do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, bem como o respetivo plano para o futuro da Faixa de Gaza.
"Com a ajuda de Deus, quando chegar a hora, estabeleceremos grupos de pioneiros no norte de Gaza, no local onde estavam os colonatos de onde foram retirados [colonos israelitas] no 'Plano de Retirada', de 2005. Faremos isso da maneira correta, no momento certo", afirmou Katz num evento para comemorar a inauguração de outras 1.200 moradias no colonato de Beit El, na Cisjordânia.
A Lei de Implementação do Plano de Retirada, proposta pelo antigo primeiro-ministro israelita Ariel Sharon, foi aprovada pelo Governo de Israel em agosto de 2005 e visou remover toda a presença permanente da Faixa de Gaza e de quatro colonatos no norte da Cisjordânia.
Israel ocupou a Faixa de Gaza, Jerusalém Oriental e a Cisjordânia durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967, e, desde então, promoveu a criação de colonatos que trouxeram centenas de milhares de judeus para os territórios ocupados.
"Estamos num período de soberania prática. Há oportunidades que não existiam há muito tempo", argumentou Katz, antes de reiterar que as autoridades israelitas não abandonarão totalmente a Faixa de Gaza, apesar das cláusulas da proposta dos EUA.
"Estamos nas profundezas de Gaza e nunca abandonaremos Gaza. Isso não vai acontecer. Estamos lá para nos defender e evitar que o que aconteceu se repita", frisou, citado pelo jornal israelita The Times of Israel, numa referência aos ataques de 07 de outubro de 2023, que provocaram 1.200 mortos e o sequestro de cerca de 250 pessoas.
As palavras de Katz surgiram poucos dias após o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, ter descrito como "essencial" que se comece a aplicar a segunda fase da proposta dos Estados Unidos para a Faixa de Gaza e de ter salientado que a primeira, lançada em outubro após um acordo entre Israel e o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), deve ser "totalmente aplicada".
O acordo alcançado em outubro trouxe consigo um cessar-fogo, em vigor desde 10 de outubro -- embora marcado por bombardeamentos quase diários por parte de Israel, que alega estar a agir contra "terroristas" -- e a entrega de reféns vivos e mortos por parte do Hamas, com exceção de um, cujo corpo continua por encontrar no enclave.
A segunda fase, que ainda não foi posta em prática, prevê a criação de uma autoridade temporária que será chefiada por Trump e terá como tarefa supervisionar a situação.
Esta fase prevê também a criação de uma força de segurança internacional na qual se espera que participem vários países, sem que, por enquanto, haja pormenores concretos sobre a respetiva composição e outros pontos, como o processo de retirada militar de Israel.
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