Promessas, confrontos diplomáticos e país dividido marcam regresso de Trump
- 12/12/2025
Trump regressou à Casa Branca, em janeiro, com objetivos ambiciosos e um manual de instruções pensado ao pormenor, ao longo dos quatro anos de oposição ao Governo democrata do ex-Presidente Joe Biden.
Contudo, no final do ano, as sondagens revelam que os eleitores estão desconfiados com a eficácia do Governo de Trump, em particular no desempenho da economia e no controlo da inflação - um problema que pode prejudicar as aspirações dos republicanos nas eleições intercalares de 2026.
Ao contrário da improvisação de 2016, o Presidente procurou evitar o caos e blindou a administração com colaboradores de lealdade absoluta para garantir a execução das suas políticas.
A criação do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), entregue ao empresário Elon Musk, simbolizou esta nova era, com a missão ciclópica de cortar na despesa pública e tornar o Estado mais ágil.
Para os apoiantes, o Presidente está finalmente a disciplinar a máquina federal; para os opositores a reorganização "aproxima o poder executivo de um modelo personalista".
A política externa de Trump oscilou entre gestos de paz --- como o acordo Arménia-Azerbaijão e o plano para Gaza --- e confrontos com aliados tradicionais, em particular com uma chantagem tarifária que atingiu a Europa, o Canadá e a Índia, enquanto viu fugir, de novo, a obtenção do seu ambicionado Prémio Nobel da Paz.
No Médio Oriente, Trump manteve o apoio político a Israel, mas demonstrou impaciência com a ausência de resultados definitivos em Gaza; ao mesmo tempo que, na Ucrânia, tratou Zelensky com uma ambiguidade calculada, terminando o ano a forçar um plano de paz que agrada ao líder russo, Vladimir Putin, mas desagrada a Kiev.
Na frente económica, Trump fez da luta contra a inflação a bandeira doméstica central, mas os resultados foram contraditórios: embora a Casa Branca proclame que a inflação está controlada (uma das maiores preocupações dos norte-americanos), as sondagens mostram ceticismo persistente e apenas um terço da população aprova a sua estratégia; as tarifas sobre vários produtos (incluindo semicondutores) ajudaram a reindustrializar partes do país, mas agravaram custos em numerosos setores.
Trump cumpriu várias promessas eleitorais, sobretudo no controlo da imigração: as travessias ilegais na fronteira sul atingiram mínimos históricos e milhares de imigrantes com antecedentes criminais foram deportados, mas a oposição denuncia excessos no controlo policial.
No combate ao narcotráfico, Trump intensificou a pressão sobre a Venezuela e fez ameaças públicas ao Canadá e ao México por alegada complacência com a entrada de fentanil, mas o Congresso está preocupado com os meios usados nos mares das Caraíbas.
O ano ficou ainda marcado pelo mais longo 'shutdown' federal em décadas, um impasse que Trump transformou num braço-de-ferro ideológico com o Congresso e de onde saiu politicamente desgastado, mas vencedor na narrativa interna contra a "gordura governamental".
Nas ruas de muitas cidades, as manifestações contra o que grupos cívicos descrevem como "um colapso silencioso das normas democráticas" intensificaram-se, mas Trump desvalorizou os protestos e acusou os ativistas de serem "profissionais da desordem".
O clima social degradou-se com a divulgação de novos documentos do caso Jeffrey Epstein, que reacenderam suspeitas sobre as redes de influência entre política e finança, levando a oposição a acusar Trump de proteger uma "elite blindada ao escrutínio".
Para os críticos, como o analista David Cay Johnston, o Presidente "age como se tivesse um mandato para remodelar as regras do jogo", enquanto para os apoiantes, como se lia num cartaz em frente à Casa Branca, "finalmente alguém enfrenta o sistema".
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