Professor condenado por abusar de alunas foi colocado. Eis o que se sabe
- 15/09/2025
O professor condenado por 62 crimes de abuso sexual a 15 alunas - e que aguarda agora o resultado do recurso - volta a estar nos holofotes, depois de ter sido colocado no Agrupamento de Escolas de Gondifelos, em Famalicão, distrito de Braga.
A notícia foi avançada esta segunda-feira pelo Jornal de Notícias (JN), que deu conta de que o professor de Educação Moral e Religiosa está de baixa, mas poderá regressar ao trabalho a qualquer momento.
Para além de ter sido condenado a oito anos de prisão, a sentença decreta ainda a proibição da profissão por dez anos, assim como do contacto com menores. Mas Fernando Silvestre aguarda agora a decisão do Tribunal da Relação em relação ao recurso que interpôs.
O que diz o Ministério da Educação?
O Ministro da Educação, Fernando Alexandre, foi questionado esta segunda-feira, acerca desta colocação, tendo o governante dito que é a escola que tem a responsabilidade de garantir que deixa de haver contacto com os alunos.
"Nem que ele voltasse à escola por ter direito de voltar à escola, ele não teria qualquer contacto com os alunos. Estas situações acontecem, e volto a repetir, temos uma comunidade muito grande, infelizmente temos estas situações. Obviamente, estas pessoas estão sinalizadas e qualquer diretor da escola sabe que uma pessoa nesta situação não pode ter contacto com crianças", disse Fernando Alexandre.
"É a responsabilidade da escola, sim. O processo de descentralização também envolveu uma grande responsabilização. Quem está no terreno tem de ter mais competências e mais responsabilização", acrescentou.
Não é a 'primeira' colocação
Explica o JN que já o ano passado - quando acusado dos crimes -, este professor também foi colocado numa escola na Póvoa de Varzim. Na altura os pais ameaçaram fechar a escola, o ministério justificou que não havia uma decisão judicial para o caso e o docente, então com 54 anos, meteu baixa.
Agora, a escola em que foi colocado fica a nove quilómetros daquela em que, alegadamente, foram cometidos os crimes pelos quais já foram condenados.
O caso
Note-se que o professor em causa foi condenado a oito anos de prisão em outubro do ano passado. Segundo o que o despacho explicava, à data dos factos, ocorridos entre 2014 e 2018, o arguido era docente de Educação Moral e Religião Católica na Escola Secundária Camilo Castelo Branco, em Famalicão, Braga, e professor de teatro. O homem estava acusado de 87 crimes de abuso sexual de menores, que tinham entre 14 e 17 anos.
Ter-se-ão dado como provados 62 destes crimes, tendo em outubro a juíza presidente rejeitado a tese de "cabala" defendida pelo docente, e acrescentado que o mesmo era "um mestre na arte de manipulação e dissimulação".
O coletivo de juízes referiu então que as vítimas apresentaram testemunhos "absolutamente credíveis, convincentes e até comoventes".
"Sem sinais de propósitos vingativos, apesar, por um lado, do indisfarçável incómodo e mágoa que os factos relatados (ainda) lhes causava e, por outro, da admiração e estima que confessaram sentir pelo arguido e que explicam que, durante todo o tempo e até à denúncia, tenham desvalorizado o seu comportamento e atitudes que, por isso, todas, interpretavam como 'normais' no teatro e sem malícia do seu autor", sublinhou a juíza presidente.
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