"Primeiro-ministro decidiu ser uma espécie de mentor de autoajuda"
- 25/12/2025
A dirigente socialista Inês Medeiros criticou o primeiro-ministro na sequência da sua mensagem de Natal ao país, dizendo que Luís Montenegro "decidiu ser uma espécie de mentor de auto-ajuda, com discursos motivacionais" e que não foi para isso que "foi eleito".
"Em primeiro lugar, uma questão de atitude. O senhor primeiro-ministro decidiu ser uma espécie de mentor de autoajuda com discursos motivacionais. Não foi para isso que foi eleito. Foi eleito para decidir, governar e criar estratégias a curto, médio e longo prazo para resolver os problemas que afetam os portugueses e acalmar aquelas que são as nossas angústias coletivas", começou por dizer, em declarações aos jornalistas, na sede do Partido Socialista (PS).
E acrescentou: "Não basta proclamar grandes chavões de motivação, importa saber criar riqueza, saber decidir e importa ser claro naquilo que se pretende para esta família portuguesa que é o nosso país".
Na ótica da socialista, "falta a capacidade reformista que se apregoa e não se revela".
A dirigente do PS, que é também presidente da Câmara de Almada, lamentou que a saúde tenha ficado "estranhamente ausente" do discurso do primeiro-ministro, frisando que Luís Montenegro prometeu que teria, em 60 dias, "uma reforma substancial" no setor, mas "mais de 600 dias depois", ainda não se sabe "qual a estratégia e visão [do Governo] para o SNS".
"Outra ausência grande foi o tema da habitação e, em contrapartida, temos assistido a medidas injustas e ineficazes que, na realidade, o que fazem é continuar a promover a especulação imobiliária, beneficiar aqueles que mais têm e prejudicar os que menos têm, nomeadamente os jovens", criticou, considerando a habitação é precisamente um dos setores que contraria a tese do primeiro-ministro de que, se o país não melhora, é porque "os portugueses não estão suficientemente motivado".
"Não, os portugueses estão sempre motivados, quem parece não estar suficientemente motivado para resolver o problema da habitação é mesmo o Governo", criticou.
A dirigente do PS criticou ainda o primeiro-ministro por não ter dito "nem uma palavra em relação aos jovens", acusando o executivo, de "perante a sangria [para o estrangeiro] da geração mais qualificada de sempre", em vez de "ter medidas para atrair jovens", apresenta um pacote laboral que "tem como resultado óbvio aumentar a precariedade".
Que disse Montenegro na mensagem de Natal?
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, defendeu, esta quinta-feira, dia 25 de dezembro, que Portugal vive um momento de viragem em que tem de trocar a "mentalidade do deixar andar" pela da superação, apontando o futebolista Cristiano Ronaldo como exemplo do espírito de afirmação pela excelência.
Na sua segunda mensagem de Natal enquanto chefe do executivo PSD/CDS-PP, Luís Montenegro manifestou a convicção de que não haverá legislativas antecipadas até 2029 e apelou a que, até ao final da legislatura, todos se concentrem no interesse do país.
"Não temos de estar todos de acordo, mas temos de compreender que não é a nossa posição individual o mais importante (...) Agora que vamos ter cerca de 3,5 anos sem eleições nacionais, é a altura de todos nos focarmos em cumprir a nossa responsabilidade e fazer tudo para garantir a Portugal e a cada português um futuro mais próspero", avisou.
O primeiro-ministro realçou os resultados económicos dos últimos anos, considerando que dão mais razões para acreditar que o país está "no caminho certo".
"Portugal é hoje uma referência a nível europeu e mundial. Os rendimentos dos portugueses estão a subir e a nossa economia a crescer consistentemente acima da média europeia", destacou, voltando a realçar a recente distinção de Portugal pela revista "The Economist".
[Notícia atualizada às 22h16]













