Primeira-dama francesa processada por insultar ativistas: "Nojentas"
- 17/12/2025
A primeira-dama francesa está a enfrentar um processo por parte de centenas de mulheres e organizações de direitos das mulheres por ter usado um insulto para se referir a um grupo de manifestantes.
Foram 343 as mulheres que apresentaram uma queixa ao longo desta semana contra Brigitte Macron por insulto público, depois de ter surgido um vídeo da própria a chamar "cabras nojentas" a quatro ativistas.
O número 343, note-se, é simbólico na história feminista francesa. Em 1971, foi publicado o "Manifesto das 343" (exatamente porque foi assinado por esse número de mulheres), redigido por Simone de Beauvoir, onde admitiam ter realizado abortos, na altura ilegais.
No passado dia 7 de dezembro, a esposa de Emmanuel Macron foi filmada a insultar quatro ativistas que, no dia anterior, se tinham manifestado contra o comediante Ary Arbittan durante um espetáculo do mesmo, gritando "violador".
As feministas referiam-se a uma alegação feita em 2021, que acusava o também ator de violação. Contudo, em 2023, as autoridades arquivaram o caso devido a falta de provas.
Brigitte, que tinha ido ver o espetáculo com a filha, falava com o artista antes de ele entrar em palco, sobre esse mesmo incidente.
"Se houver alguma cabra nojenta, nós expulsamo-la", ouve-se a primeira-dama dizer, usando a expressão corriqueira "sales connes" em francês.
« S'il y a les sales connes, on va les foutre dehors ! » Quand Brigitte Macron s'attaque aux militantes féministes qui ont organisé une action contre Ary Abittan, pour qui la Cour d'appel de Paris a prononcé un non lieu suite à des accusations de viol malgré un témoignage… pic.twitter.com/U8pkJSEJ3l
— Ariane Anemoyannis (@AAnemoyannis) December 8, 2025
Em resposta à onda de críticas que surgiram após a divulgação do vídeo, a equipa de comunicação da primeira-dama francesa afirmou que a troca de palavras entre o comediante e Brigitte "deveria ser vista apenas como uma crítica aos métodos radicais daqueles que, usado máscaras, perturbaram o espetáculo de Ary Arbittan na noite de sábado, impedindo o artista de atuar".
"Brigitte Macron não aprova estes métodos radicais", reforçou o comunicado, citado pela imprensa francesa.
Já esta semana, Brigitte pediu "desculpa se feriu mulheres que foram vítimas", frisando, contudo, que a afirmação que fez foi em contexto "privado".
"Não me posso arrepender [do que disse]. É verdade que sou a mulher do presidente da república, mas acima de tudo sou eu mesma. E, portanto, quando estou em privado, posso deixar-me ir de uma maneira que nem sempre é totalmente própria", afirmou, citada pelo The Guardian.














