Presidente do parlamento angolano lamenta que paz mundial continue por alcançar
- 24/11/2025
Falando na sessão solene em homenagem ao secretário-geral das Nações Unidas, o líder parlamentar angolano considerou que a visita de António Guterres a Angola ocorre num momento desafiante, porque de crescente complexidade para a diplomacia global.
"A paz mundial continua um objetivo por alcançar, estando o mundo a testemunhar vários conflitos militares em diferentes partes do nosso planeta, com particular realce para os conflitos em África, na Europa e no Médio Oriente", disse.
Assegurou que o parlamento angolano continuará a erguer a sua voz a favor do fim de todos os conflitos existentes, "para os quais não [existe] outro caminho que não seja o do diálogo e do respeito pelo Direito Internacional".
A Assembleia Nacional de Angola realizou hoje uma sessão plenária solene de homenagem a António Guterres, que se encontra em Luanda no âmbito da 7.ª Cimeira União Africana -- União Europeia.
Adão de Almeida saudou e enalteceu a presença histórica de Guterres no parlamento, realçando que foi a primeira vez que um secretário-geral da ONU discursou no parlamento angolano.
"Para além deste facto, a vossa presença na nossa Assembleia Nacional ganha um simbolismo maior por ocorrer poucos dias após o 11 de novembro de 2025, dia em que o povo angolano celebrou com júbilo 50 anos desde que, na madrugada de 11 de novembro de 1975, o Presidente António Agostinho Neto proclamou a Independência de Angola, pondo fim a um longo período de cinco séculos de ocupação colonial", notou.
Destacou, na sua intervenção, os ganhos do país no decurso dos 50 anos de independência e os 23 anos de paz, alcançada em 2002 com o fim do conflito armado, referindo que hoje a luta dos angolanos é para consolidar a democracia, fortalecer as instituições e assegurar que cada um exerça livremente os seus direitos e respeite os direitos dos outros.
"[Hoje], a luta dos angolanos é para construir mais escolas e hospitais, mais pontes e barragens, mais estradas e mais estações de captação, tratamento e distribuição de água potável. Enfim, a nossa luta é pela construção de um País desenvolvido, que orgulhe todos os seus filhos", frisou.
No panorama internacional, Adão de Almeida considerou que a incerteza domina o comércio internacional, observando que a sustentabilidade ambiental "deixou de estar garantida, comprometendo a segurança alimentar e ameaçando o futuro da humanidade".
Criticou igualmente o fosso entre as nações mais ricas e as nações mais pobres, que "continua a aumentar, não tendo a economia internacional e o sistema financeiro internacional conseguido dar respostas cabais a este fenómeno".
"Um mundo em que 1% da população acumula cerca de 45% da riqueza global não pode esperar paz social. Um mundo em que 50% da população detém apenas 2% da riqueza global tem de repensar os mecanismos de financiamento da economia internacional", realçou.
Almeida defendeu uma abordagem baseada num multilateralismo "que seja capaz de salvaguardar os interesses de todas as nações e de todos os povos", sob pena de se continuar "a caminhar em direção a uma cada vez maior disparidade entre as nações e a aprofundar as desigualdades sociais".
Para o novo presidente do parlamento angolano, a transição energética é incontornável, mas considerou essencial "que se defina um modelo justo, capaz de salvaguardar os interesses das nações menos desenvolvidas, sendo coincidente, mas não acidentalmente, as que menos poluentes".
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