Presidente da Colômbia pede explicações ao BID sobre créditos com fins eleitorais
- 22/11/2025
"Temos de ir com todo o sistema financeiro, e o delegado da Colômbia deve comparecer perante a diretoria do banco, não sei como se chama, a diretoria de governadores do BID, para nos explicarem por que querem violar a Constituição", afirmou o chefe de Estados num evento público na cidade de Cali, sudoeste do país.
O presidente colombiano acusou diretamente a Casa Branca do alegado recurso a esquemas com o objetivo de interferir na política interna da Colômbia. "Vejam como [o secretário de Estado norte-americano] Marco Rubio quer influenciar as nossas eleições, não lhes basta tratar-me como narcotraficante", afirmou.
Petro insinuou que o objetivo de Washington é "comprar os votos dos pobres na Colômbia", classificando-o como "golpe de Estado" e lembrando que "a Constituição [colombiana] proíbe que dinheiro estrangeiro --- de governos, empresas ou pessoas --- entre nas eleições para definir o que realmente deve ser definido pelo povo da Colômbia".
"Senhores, todos os presidentes de câmara que estavam nessa reunião começaram a identificar instituições para receberem dezenas de milhões de dólares do BID, sem autorização do Governo nacional, entregues em créditos destinados à compra de leitões, bicicletas, motos, telhas, tudo o que antes era feito com o dinheiro do narcotráfico", ilustrou, acusando estar-se perante uma nova forma de cooptação eleitoral disfarçada de financiamento formal.
A denúncia de Petro surge num contexto de crise diplomática entre a Colômbia e os Estados Unidos, que tem vindo a escalar ao longo do último ano de 2025, atingindo nas últimas semanas picos de tensão sem precedentes.
O inquilino da Casa Branca tem acusado Petro de estar por detrás do narcotráfico - à semelhança das acusações contra o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro - e cortou o financiamento às operações contra os grupos de narcotraficantes no país, interrompendo anos de cooperação neste âmbito com as autoridades colombianas.
Ao mesmo tempo, estacionou um importante dispositivo militar, terrestre e naval, no Mar das Caraíbas e no Pacífico onde mais de 20 ataques ordenados pelo presidente norte-americano, Donald Trump, desde setembro passado contra supostas lanchas de narcotraficantes resultaram em mais de 80 mortes, segundo um balanço baseado nos comunicados oficiais.
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