Presidenciáveis divididos com discurso de Natal: "Motivacional", mas...
- 26/12/2025
A mensagem de Natal do primeiro-ministro, onde defendeu que Portugal vive um momento de viragem em que tem de trocar a "mentalidade do deixar andar" pela da superação, apontando o futebolista Cristiano Ronaldo como exemplo do espírito de afirmação pela excelência, continua a gerar reações no campo político.
Depois dos partidos, também os candidatos à Presidência da República têm reagido à mensagem - uns com mais entusiasmo do que outros. Mas o que disse cada um?
Henrique Gouveia e Melo, que está de visita à Madeira, precisamente onde nasceu Cristiano Ronaldo, considerou "bom" o discurso do primeiro-ministro.
"Acho que é uma boa mensagem no sentido em que todos nós devemos ter uma mente positiva", disse aos jornalistas, lembrando, contudo, que para "um futuro promissor, é preciso sermos nós a construí-lo.
"Ninguém o vai construir por nós", atirou, defendendo que andamos "atrasados na curva do desenvolvimento" porque "andamos constantemente com lideranças erráticas e em ciclos curtos".
Também Cotrim Figueiredo viu com bons olhos a mensagem de Natal do primeiro-ministro, que considerou oportuna, mas advertiu que a capacidade reformista deve ser independente dos momentos eleitorais.
"É importante que os políticos tenham a coragem que o primeiro-ministro pediu que houvesse agora, mas sempre, não é só quando há um horizonte sem eleições à vista. Mesmo quando há o risco de perder adesão eleitoral, os governantes têm a obrigação de ser corajosos e fazer as reformas que o país precisa, mesmo quando isso pode ser mal compreendido pela população pelo imediato", vincou Cotrim Figueiredo.
Para o candidato presidencial, que falava aos jornalistas à margem de uma ação de campanha em Bragança, "é sempre necessário ir melhorando e progredindo independentemente do que isso possa representar em termos eleitorais".
Por seu lado, o candidato presidencial António Filipe defende que os portugueses "não precisam de discursos de tipo motivacional" mas sim de uma valorização geral dos salários que ajude a "mitigar uma inaceitável desigualdade na distribuição do rendimento".
António Filipe reagia à mensagem de Natal do primeiro-ministro em que Luís Montenegro defendeu que Portugal vive um momento de viragem em que tem de trocar a "mentalidade do deixar andar" pela da superação, apontando o futebolista Cristiano Ronaldo como exemplo do espírito de afirmação pela excelência.
Para António Filipe, que hoje visitou o parque operacional da Câmara Municipal de Sesimbra, no distrito de Setúbal, para um contacto com os trabalhadores da recolha de resíduos, a questão não se centra na mentalidade dos portugueses, mas sim na necessidade de serem valorizados através de politicas públicas.
À candidata Catarina Martins, a mensagem do primeiro-ministro pareceu sobretudo uma "desresponsabilização do Governo pelas suas próprias responsabilidades".
"Não nos falta, no país, quem supere os seus limites e quem faça tudo pela comunidade", defendeu. "O que nós precisamos é de um Governo que abandone menos o país e que olhe para a população em vez de olhar tanto para os negócios."
Na ótica da candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda, o país precisa "muito menos de interesses económicos a mandar na política" e "muito mais de ver os bons exemplos e trabalhar com quem, em Portugal, puxa pelo país todos os dias".
Também André Ventura criticou a mensagem de Natal de Luís Montenegro, considerando que foi uma mensagem "pouco empática" e "pouco feliz".
"Num momento em que nós estamos com o país a enfrentar uma situação de saúde bastante grave [...] é absolutamente lamentável que o primeiro-ministro se dirija àquele que é, provavelmente agora, no momento em que estamos, mais intenso da vida das pessoas que é chegar a uma urgência, a um serviço de saúde e ele não estar disponível ou estar lotado".
Por outro lado, o candidato presidencial António José Seguro escusou-se a comentar a mensagem de Natal do primeiro-ministro, Luís Montenegro, que foi transmitida na quinta-feira.
"Um Presidente da República e um candidato a Presidente da República não comenta aquilo que são as intervenções do primeiro-ministro e o discurso de Natal do primeiro-ministro, até para evitar erros do passado", referiu, em declarações aos jornalistas esta sexta-feira, na Moita.
António José Seguro quis, em vez disso, falar de saúde "e desta situação inaceitável" que, disse, espera que "não se repita no próximo ano que é de urgências fechadas e dos portugueses que precisam de cuidados de saúde a tempo e horas e não os terem".
"É isso que desejo. Formulo esse voto de que no próximo Natal tenhamos uma saúde a tempo e horas para todos os portugueses", sublinhou, realçando que o tema da Saúde é um tema que o preocupa e que "a prioridades das minhas prioridades".
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