PR diz que governos desvalorizaram Comissão Comemorativa do 25 de Abril
- 25/11/2025
Marcelo Rebelo de Sousa deixou esta mensagem no encerramento do seminário "25 de Novembro de 1975, 50 anos depois", na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e reiterou-a depois aos jornalistas, lamentando o adiamento do projeto de um Centro Interpretativo do 25 de Abril.
"Às vezes é estúpido, um país tão antigo e tão persistente e tão eterno não tratar muito bem a sua História", criticou o chefe de Estado, a este propósito, em declarações à comunicação social.
Segundo o Presidente da República, "o clima em torno da Comissão do 25 de Abril começou muito intenso nos primeiros anos, mas depois a conjuntura política, a própria mudança de executivos, a mudança na opinião pública em geral, mais focada noutras realidades", fez com que perdesse prioridade.
"Mesmo na governação anterior tornou-se difícil reunir a Comissão Nacional, deixou de ser prioridade para o Governo em funções a Comissão Nacional do 25 de Abril. Por maioria da razão, como imaginam, essa tendência não se alterou na nova governação, e aí a ausência tem sido praticamente total - houve uma reunião", considerou, na sua intervenção.
Sobre o projeto de "um Centro Interpretativo do 25 de Abril, que é no fundo um mini-museu", Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que é importante a sua concretização, ainda "com os protagonistas vivos", para explicar o antes e o depois e várias as fases do processo revolucionário.
"Eu tenho pena que não seja já no meu mandato, mas mandato presidencial não é fatal. Fatal é se o meu sucessor iniciar o seu mandato, decorrer o seu mandato e aquele projeto que era um projeto que era importante do ponto de vista de História de Portugal de repente desaparecesse", acrescentou.
No início do seu discurso neste seminário sobre o 25 de Novembro, o chefe de Estado dirigiu-se a Maria Inácia Rezola, comissária executiva da Estrutura de Missão para as Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, e disse-lhe que "tem exercido funções em condições nem sempre fáceis" e que "tem sido uma aventura a vida desta Comissão".
Marcelo Rebelo de Sousa referiu que a estrutura constituída para as comemorações inclui "uma Comissão Nacional, presida pelo Presidente da República, integrando presidente da Assembleia, primeiro-ministro, presidentes dos Tribunais Superiores, presidente da Associação 25 de Abril, que tem sido também um lutador todos os dias".
"E depois uma Comissão Executiva, que no fundo é uma comissária que faz um pouco de tudo, ajudada pela Associação 25 de Abril. E foi assim que fomos vivendo", completou.
De acordo com o Presidente da República, "no final de 2021, ainda de 2021 para 2022 sentiu-se o espírito da comemoração, de 2022 para 2023 foi-se perdendo, de 2023 para 2024 estiolando".
Sobre o período de governação do PS, até meio do ano passado, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que, "tendo assistido ao nascimento dessa comemoração", viveu "a experiência única de ser um Presidente de direita a fazer por ela mais do que a esquerda poderia ter feito".
No seu entender, depois, com a "viragem muito acentuada à direita", para a atual governação PSD/CDS-PP, "é natural que as narrativas tivessem acompanhado a velocidade dessa viragem", e isso viu-se "na Comissão Comemorativa do 25 de Abril", mais concretamente "no ambiente que rodeava a Comissão".
"A nossa professora Maria Inácia Rezola a tudo isto resistiu, paciência infinita. O coronel Vasco Lourenço, paciência menos infinita, protestou e protesta semanalmente, mensalmente, semestralmente", comentou.
"Há objetivos que foram atingidos nos chamados mínimos possíveis, o centro da Pontinha [Núcleo Museológico do Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas], e outros que estamos a lutar por eles, como o Centro Interpretativo", acrescentou.
[Notícia atualizada às 23h59]
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