Portuguesa na Venezuela afirma: "Está difícil. É preciso ter coragem"
- 30/11/2025
Uma portuguesa residente na Venezuela afirmou, este domingo, que o que se está a viver no país "é um verdadeiro pesadelo", notando que são feitas "obras de teatro" pelos atores políticos "que mostram ao mundo o que querem mostrar".
"Isto é um pesadelo, é um verdadeiro pesadelo", disse Maria José Castro, em entrevista à RTP Notícias.
Questionada de que é que tem medo, a imigrante portuguesa salientou não sentir medo, mas sim tristeza. "É a tristeza que dá ver um país tão rico nesta miséria e neste caos tão grande", notou, acrescentando que Nicolás Maduro não sairá do poder.
"Penso que nem em Portugal a ditadura foi tão forte como é isto, porque esta gente tem poder e, com poder, sequestram, fazem estas obras de teatro e mostram ao mundo o que querem mostrar. Mas não é a verdade, não é a realidade", adiantou.
Maria José Castro, imigrada desde 1973, destacou ainda que, em dois meses, a moeda desvalorizou "como nunca tinha acontecido".
Já questionada acerca da posição dos Estados Unidos na luta contra o narcotráfico, a portuguesa considerou não haver "outra forma, não há outra forma de a Venezuela ser livre".
"A Venezuela é o centro comercial do tráfico de droga. É triste. Ao governo venezuelano não importam as sanções, porque eles vivem da droga; agora vê-se", apontou.
Sobre um possível regresso a Portugal, Maria José Castro assumiu que quer fazer o que "a mãe não fez", ou seja, "resistir até tirar o louco do poder", referindo-se ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
"Isto aqui está duro. Está difícil. É preciso ter muita coragem para reclamar os direitos que estão a violar", sublinhou.
"Não há a registar qualquer situação que justifique alarme"
De recordar que, este domingo, o ministério dos Negócios Estrangeiros emitiu um comunicado a dar conta de que, até ao momento, "não há a registar qualquer situação que justifique alarme" entre a comunidade portuguesa que reside na Venezuela.
"No âmbito da sua missão de apoio permanente à Comunidade Portuguesa, a Embaixada e os Consulados-Gerais estão em contacto permanente com os portugueses residentes na Venezuela, reforçando o compromisso do Estado com a proteção e assistência dos seus cidadãos", pode ler-se.
E acrescenta: "Até ao momento, não há a registar qualquer situação que justifique alarme."
Marcelo Rebelo de Sousa manifestou preocupação pela comunidade portuguesa
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou, no sábado, que está a acompanhar em permanência a situação na Venezuela através do Governo, reafirmando preocupação com o momento complicado que vive a comunidade portuguesa.
"Tenho acompanhado através do Governo, permanentemente, sobretudo do senhor ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, tudo o que está a ser feito para prever os vários cenários possíveis e ter soluções", disse.
O que se passa na Venezuela?
Recorde-se de que, sob o pretexto de combater o narcotráfico, os Estados Unidos mantêm desde setembro um destacamento naval e aéreo em águas das Caraíbas próximas da Venezuela.
Adicionalmente, Washington associou o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ao Cartel de Los Soles, um grupo alegadamente envolvido no tráfico de droga e classificado como terrorista pelos Estados Unidos.
A escalada de tensão entre os dois países acontece numa altura em que os Estados Unidos intensificam a pressão sobre a Venezuela com um grande destacamento militar, incluindo o maior porta-aviões do mundo, e admitem ataques terrestres no território venezuelano na luta contra os cartéis de droga.
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