Portuguesa emigra para a Suíça e é mantida em cativeiro: "Fui obrigada"
- 08/12/2025
Um português de 59 anos, residente em Saxon, uma comuna da Suíça, situada no distrito de Martigny, foi condenado a oito anos de prisão pelos crimes de violação e sequestro. A vítima é uma jovem de 27 anos, também portuguesa.
O julgamento ocorreu em Martigny, no passado dia 27 de novembro. No entanto, a vítima compareceu à audiência através de uma videochamada realizada no tribunal de Viana do Castelo, uma vez que tem medo de se deslocar à Suíça.
Os crimes remontam aos anos de 2021 e 2022. Na altura, o homem manteve a jovem em cativeiro dentro do seu apartamento durante um ano. Em julho de 2022, a vítima conseguiu escapar e regressou a casa.
"Fui obrigada a fingir que era mulher dele. Eu não queria", começou por dizer a jovem, que hoje tem 27 anos, ao juiz, acrescentando que foi obrigada a ter relações sexuais todos os dias, alegando ter sido coagida e a ameaçada.
A jovem contou ainda que foi enganada pelo homem de 57 anos, que era conhecido dos seus pais e estava emigrado na Suíça desde 2000. O agora condenado terá oferecido à vítima casa, tendo-lhe também prometido um emprego e terá, inclusivamente, pagado a viagem de ida.
No entanto, quando a rapariga chegou à Suíça, no verão de 2021, tudo mudou. O homem proibiu-a de sair de casa sozinha e ter-lhe-á tirado os seus documentos por forma a que esta não fugisse.
Durante as investigações das autoridades, o homem terá dito que a jovem vinha de uma família pobre e que vivia na rua. Assim, decidiu entrar em contacto com os pais da vítima através das redes sociais e, depois de uma breve troca de mensagens, viajou para Portugal.
Já em solo português, encontrou-se com a mãe da jovem num centro comercial, emprestou-lhe dinheiro e prometeu-lhe que a filha teria uma vida melhor.
De acordo com o 24 heures, a defesa do homem, que não esteve presente na audiência por motivos de saúde, argumentou dizendo que não havia qualquer tentativa de sequestro, defendendo que a jovem poderia ter fugido através de uma das janelas, uma vez que viviam num rés do chão.
Por outro lado, a acusação afirmou que a jovem vivia sob ameaça psicológica e não tinha qualquer apoio naquele país, não sabia falar francês, não tinha os seus documentos ou qualquer recurso financeiro.
O tribunal confirmou a consistência do testemunho da vítima, tendo também revelado que constatou incongruências no testemunho do acusado, tendo assim declarado o homem culpado.
O homem foi condenado a oito anos de prisão, que pode ainda recorrer da decisão. Se a sentença transitar em julgado, o acusado, além da pena de prisão, terá também de pagar uma indemnização de 15.000 francos à vítima por danos morais e ficará ainda proibido de permanecer em território suíço durante 10 anos.
O acusado está para já em liberdade e só deverá ingressar na prisão após trânsito em julgado da pena.
Leia Também: Quatro jovens portugueses morrem em acidente em França. O que se sabe?
