Portuguesa desmembrada no Luxemburgo: MP pede perpétua para suspeito
- 21/11/2025
O julgamento do homicídio de Diana Santos, portuguesa de 40 anos desmembrada no Luxemburgo, terminou esta sexta-feira. O Ministério Público luxemburguês pediu a pena máxima para o principal suspeito (mas não único) do assassinato da portuguesa: pena perpétua.
Said Banhakeia sentou-se no banco dos réus durante o julgamento que se prolongou durante duas semanas. Em duas ocasiões distintas, o marroquino de 51 anos afirmou perante o juiz que não matou Diana Santos - "apenas" ajudou o sobrinho Gibran, que seria marido da portuguesa (através de um casamento alegadamente arranjado), a desmembrar a mulher e a esconder o corpo, relata o jornal Contacto.
O verdadeiro assassino, defendeu, é Gibran.
Acusação pediu pena perpétua sem liberdade condicional
Esta sexta-feira, durante a quarta e última sessão do julgamento, e nas declarações finais da acusação, o procurador recordou o depoimento do psiquiatra que testemunhou em tribunal. O profissional descreveu Said como uma pessoa "sem empatia", apesar de não ter indícios de qualquer doença mental, e como "manipulador".
Na intervenção de hora e meia, o procurador descreveu a relação entre Said e Diana como "violenta", defendendo que o marroquino queria que Diana acabasse a relação com o seu então namorado, Pedro - tendo, supostamente, falado com ambos para que terminassem o relacionamento.
O Ministério Público alegou que Said terá tido um ataque de ciúmes por ser "muito possessivo", o que o levou a cometer o crime: "Said tinha um motivo claro, bem definido. Para ele, a relação de Diana com Pedro era insuportável".
Ao longo do julgamento, Said defendeu que teria sido Gibran a matar Diana, mas o procurador nota que a situação era diferente, dado que o homem mais novo estaria numa relação com uma outra mulher.
Aliás, a teoria de que Gibran teria assassinado Diana devido a uma discussão sobre dinheiro em dívida para com a portuguesa (devido ao casamento arranjado entre os dois) tinha sido apenas mencionada por Said.
"Foi Said quem matou Diana", concluiu o procurador, frisando que "foi tudo organizado, premeditado e bem planeado".
Tendo em conta os crimes, de homicídio e mutilação de cadáver, o Ministério Público pediu ao coletivo de juízes que condenasse Said a pena perpétua sem possibilidade de liberdade condicional - a pena máxima no Luxemburgo.
Defende mantém que Gibran matou Diana e Said ajudou a esconder o crime
Do outro lado dos factos, a defesa, que falou ao longo de duas horas, argumentou que este "não foi um crime passional". Tanto Diana como Said mantinham várias relações, disse a advogada, alegando que, caso os ciúmes tivessem motivado o crime, o alvo teria sido os homens com quem Diana estaria envolvida e não a própria.
Quanto ao casamento arranjado, a advogada confirmou que, de facto, Diana e Gibran se casaram a 14 de julho de 2022, mediante a troca de uma elevada quantia de dinheiro para que o marroquino pudesse obter documentos para residir no país.
"O casamento era do interesse absoluto e exclusivo de Gibran", realçou, afirmando que Said não tinha qualquer ligação ao acordo.
A defesa manteve que o verdadeiro homicida é Gibran e que, se assim não fosse, o homem não teria fugido para Marrocos, "para obter proteção". Aliás, defendeu mesmo que se Gibran fosse extraditado para o Luxemburgo, que iria confessar os crimes.
A sentença do julgamento será conhecida apenas no próximo ano, a 5 de fevereiro.
Recorde-se de que o corpo de Diana Santos foi encontrado desmembrado e decapitado num edifício abandonado em Mont-Saint-Martin, na fronteira francesa, a 19 de setembro de 2022. Um mês e meio mais tarde, uma outra parte do corpo da portuguesa foi encontrada em Temmels, na fronteira alemã, a 1 de novembro desse mesmo ano. Diana terá sido assassinada na casa em que residia com Gibran.
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