PCP questiona Governo sobre Aeroporto de Beja, após acordo com Embraer
- 19/12/2025
O Partido Comunista Português (PCP) questionou esta sexta-feira o Governo português sobre "as futuras condições de utilização do Espaço Aéreo na Região Alentejo para a aviação civil".
Num comunicado enviado às redações, a Delegação Regional de Beja do PCP começa por frisar que "sempre tem defendido o investimento e a diversificação do tecido produtivo na região do Alentejo, designadamente na sua vertente industrial".
Contudo, o PCP nota que a assinatura de uma carta de interesse entre o Ministério da Defesa e a empresa Embraer para a produção de aeronaves visa um investimento apenas para a produção de "A29NL SuperTucano - como já acontece com outras unidades em produção na região".
Isto, "levanta a legítima questão de um afunilamento do cluster aeronáutico na vertente militar", consideram.
Em vez disso, o partido defende que deveria ser feito um investimento na aeronáutica civil, uma "área que garante mais e maiores mercados e maior estabilidade produtiva ao longo do tempo".
"A instalação desta unidade será, como veio a público, ligada necessariamente à vertente de voos de teste de aeronaves para uso militar e formação de pilotos", continua o partido.
Isto, aliado ao facto de pairar a possibilidade de o novo campo de Tiro da Força Aérea Portuguesa ser movido para os concelhos de Mértola e Serpa "levanta legítimas dúvidas sobre as futuras condições de utilização do Espaço Aéreo na Região Alentejo para a aviação civil". O Campo de Tiro de Alcochete, recorde-se, será encerrado.
Por tudo isto, o PCP pede esclarecimentos por parte do Governo, de forma a perceber se a decisão tomada com a Embraer põe em causa o uso do Aeroporto de Beja para fins civis "há tanto reivindicado pelas populações do Alentejo".
"O PCP reitera a sua posição de que é possível e necessário aproveitar o Aeroporto de Beja, ao serviço da região e do País, tirando partido de todas as suas possibilidades", rematam, defendendo que o aeroporto é um instrumento importante para potenciar o desenvolvimento do turismo na região.
Ministério da Defesa assinou carta de intenções com a Embraer para construção de aeronaves
Na quarta-feira, durante uma visita às instalações da OGMA - Indústria Aeronáutica de Portugal, em Alverca, o ministro da Defesa, Nuno Melo, assinou a tal carta de intenção com a Embraer.
"Hoje damos este passo, que é relevante. Não adquirimos apenas, adquirimos e queremos participar e hoje assinamos esta carta de intenção que tem em vista a criação de uma fábrica de produção de aeronaves Super Tucano".
De acordo com o ministro, só em 2025 "nasceram 60 novas empresas nas indústrias de Defesa" e tal deve-se ao "clima de confiança para os investidores" que o executivo "está a criar".
No caso das Super Tucano está em causa um procedimento semelhante ao investimento feito nas aeronaves KC-390, também produzidas pela brasileira Embraer e nas quais foram introduzidas modificações para as adequar aos requisitos estabelecidos pelas alianças das quais Portugal faz parte, nomeadamente a NATO, Nações Unidas e União Europeia.
Estas modificações, certificadas pela Autoridade Aeronáutica Nacional, fazem com que as aeronaves possam ser adquiridas por outros países membros da NATO ou União Europeia, com lucro para o Estado português.













