PCP critica "deturpação" do 25 Novembro e aponta falta de adesão popular
- 25/11/2025
"Estamos perante uma das maiores operações de mistificação, de deturpação e de reescrita da história, levada a cabo por quem nunca se conformou com o alcance das conquistas de Abril, que durante estes 50 anos sempre menorizou o 25 de Abril e que conta com a promoção dos setores nostálgicos do regime fascista", acusou a líder parlamentar do PCP, Paula Santos, em conferência de imprensa na Assembleia da República.
Paula Santos reagia às comemorações dos 50 anos do 25 de Novembro, que foram praticamente semelhantes às do cinquentenário do 25 de Abril no parlamento e incluíram uma parada militar na Praça do Comércio, em Lisboa, e uma sessão solene na Assembleia da República. O PCP recusou participar em qualquer dessas iniciativas.
Paula Santos considerou que, este ano, se assistiu "a um novo patamar na operação em curso em torno do 25 de Novembro, com o alto patrocínio do Governo, do presidente da Assembleia da República e do Presidente da República".
"Depois da afronta do ano passado com a realização de uma sessão sobre o 25 de Novembro na Assembleia da República, no ano das comemorações dos 50 anos da Revolução de Abril, este ano não só pretendem equiparar o que não é equiparável, com a realização de uma sessão idêntica ao 25 de Abril, como foi criada uma comissão para comemorar os 50 anos do 25 de Novembro no âmbito do Governo, desprezando a comissão comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril", acusou.
A líder parlamentar do PCP considerou que esta "operação de mistificação" é "assente na mentira" e insiste em "falsas acusações ao PCP para procurar esconder as suas motivações antidemocráticas e continuar a promover o aprofundamento da sua ofensiva contra Abril".
Para a líder parlamentar do PCP, "não é por acaso que os animadores da operação do 25 de Novembro de hoje são os mesmos que servem e defendem os interesses económicos, grupos económicos que no período da ditadura fascista foram sistematicamente beneficiados".
"Esses mesmos que, vendo derrotados os seus intentos golpistas, nunca aceitaram o que Abril representou de avanço e conquistas", disse.
"Que tivesse colocado em causa o regime democrático, que tivesse amputado as liberdades e que tivesse ilegalizado o PCP. Apesar dos retrocessos, a verdade é que não conseguiram alcançar os seus objetivos. Não conseguiram impedir que as conquistas de Abril ficassem consagradas na Constituição", referiu.
Paula Santos sublinhou que, "apesar da pompa e circunstância que quiseram atribuir a esta data", a verdade é que quem promoveu as comemorações não conseguiu "o que é verdadeiramente determinante: não conseguiram a presença do povo".
"É o 25 de Abril que o povo considera como o momento libertador das amarras do fascismo, que trouxe os direitos, a liberdade e a democracia e é por isso que a ampla participação popular, enchendo as ruas do país, é nas comemorações do 25 de Abril", defendeu.
Sobre os discursos na sessão solene da Assembleia da República, em particular de José Pedro Aguiar-Branco, que abordou as "cadeiras vazias" deixadas pelos deputados do PCP, Paula Santos disse não querer "fazer considerações" relativamente aos discursos.
"A sessão em si representa aquilo que é de menorização e de procurar colocar em causa o 25 de Abril", afirmou.
Questionada se o PCP poderia ter vincado melhor a sua posição se tivesse marcado presença na sessão solene, à semelhança do que fez o BE, Paula Santos disse que, se o objetivo das comemorações é "menorizar e ajustar contas com Abril", o partido não poderia estar presente.
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