Paulo Topa tinha sido detido (e solto) 2 vezes. Estaria a preparar fuga
- 22/12/2025
Paulo Topa, suspeito de desviar 10 milhões de euros em processos de insolvência e recuperação de empresas, deverá ser esta segunda-feira, 22 de dezembro, presente a primeiro interrogatório judicial, no Tribunal de Instrução Criminal do Porto, para conhecer as medidas de coação tidas como adequadas.
É a terceira vez que o advogado é detido este ano. Das primeiras duas, saiu em liberdade. Mas desta vez, as autoridades detiveram-no por desconfiarem que preparava-se para fugir para o Brasil.
Paulo Topa foi detido no domingo, no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, localizado na cidade Porto, quando regressava de uma viagem a Casablanca, Marrocos.
A detenção ocorreu dias depois de a SIC noticiar que o advogado e três administradores de insolvência são suspeitos de desviar 10 milhões de euros de empresários em falência.
De acordo com a investigação da SIC, ao longo de uma década, Paulo Topa terá participado na criação de 50 empresas de fachada, elaborando créditos falsos e aliciado pessoas vulneráveis, incluindo um sem-abrigo, para servirem como testas-de-ferro.
O advogado seria o líder da rede e estaria novamente a angariar clientes em risco antes de ser detido pela Polícia Judiciária (PJ) e apesar de, no site da Ordem, a sua cédula profissional surgir como estando inativa.
"Perigo de fuga iminente"
De acordo com a PJ, Paulo Topa, que é suspeito de corrupção pelo esquema de desvio de fundos, foi novamente detido por se considerar que havia "perigo de fuga iminente".
Depois de terem reunido várias informações, essa foi a conclusão das autoridades que se encontravam a investigar o processo "há vários meses".
A operação foi realizada pela PJ, em cumprimento de um mandado de detenção emitido pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) Regional do Porto.
O advogado encontra-se "indiciado pela prática dos crimes de corrupção ativa, insolvência dolosa, falsificação de documentos e branqueamento de capitais, pelos quais havia sido já detido por duas vezes", tendo mais tarde sido libertado.
A investigação da PJ incide sobre a atuação concertada do suspeito, interveniente em processos de insolvência e/ou de recuperação de empresas, no âmbito das suas funções profissionais, como advogado", especifica-se na mesma nota.
O Ministério Público (MP) suspeita que, Paulo Topa, em conjunto com outros dois suspeitos, que foram detidos pela PJ em abril, "desenvolveu um esquema criminoso que permitiu beneficiar os insolventes e viabilizar a apropriação de património pelos próprios ou a favor de terceiros, em prejuízo dos credores", refere-se no comunicado.
Segundo a PJ, o esquema envolvia pessoas singulares e empresas da confiança do advogado, que se apresentavam "com créditos fictícios e documentação forjada, nomeadamente contratos que têm por objeto os respetivos bens imóveis ou alvarás de estabelecimento, créditos esses imediatamente reconhecidos sem estarem devidamente demonstrados".
Os créditos fictícios, refere, não só permitiam "a apropriação imediata de bens móveis ou imóveis", mas também "a aprovação dos planos de recuperação [dos destinatários do esquema criminoso], para que os devedores pudessem tirar proveito dos seus efeitos, suspendendo a ação dos reais credores e dissipando o património existente".
No comunicado de abril, emitido aquando da detenção dos outros suspeitos, a PJ referia que os delitos "terão sido praticados, pelo menos, desde 2016".
Segundo a SIC Notícias, Paulo Topa será (novamente) presente a primeiro interrogatório judicial hoje, no Tribunal de Instrução Criminal do Porto, para a aplicação das medidas de coação tidas como adequadas.
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