Partido pró-militar reivindica vitória nas legislativas em Myanmar
- 29/12/2025
"Ganhámos 82 lugares na câmara baixa, nas circunscrições onde já foi concluída a contagem, de um total de 102", disse o representante do Partido da União, Solidariedade e Desenvolvimento (USDP), que pediu para não ser identificado, à agência de notícias France-Presse (AFP).
Os resultados oficiais da primeira fase da votação, realizada no domingo em apenas algumas circunscrições, ainda não foram divulgados pela comissão eleitoral de Myanmar.
Sem qualquer oposição real, a junta militar apresentou as eleições como um passo rumo à reconciliação, quase cinco anos após tomar o poder num golpe que derrubou o Governo eleito dirigido pela Prémio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi.
O golpe de Estado desencadeou uma oposição popular generalizada, que se transformou numa guerra civil, o que compromete a realização das eleições em áreas disputadas.
As eleições de domingo realizaram-se apenas em 102 dos 330 municípios do país e, mesmo após as duas fases seguintes, em 11 e 25 de janeiro, 65 municípios serão impedidos de votar devido aos combates entre o exército, grupos guerrilheiros étnicos e forças de resistência.
Grupos de defesa dos direitos humanos e da oposição afirmaram que as eleições não são nem livres nem justas e que o poder deverá permanecer nas mãos do líder militar, o general Min Aung Hlaing. Críticos disseram duvidar de uma transição para um regime civil.
Analistas consideraram que a decisão de realizar eleições serve sobretudo para que vizinhos como a China, a Índia e a Tailândia mantenham o apoio ao regime militar, que, de acordo com o exército, promove a estabilidade na nação.
Os militares tomaram o poder no país em 01 de fevereiro de 2021, alegando que as eleições de 2020, na quais a Liga Nacional para a Democracia (LND) de Suu Kyi obteve uma vitória esmagadora, foram ilegítimas devido a alegadas irregularidades em grande escala no registo de eleitores. Observadores independentes não encontraram problemas significativos.
A ex-líder Aung San Suu Kyi, de 80 anos, e a LND não participaram no escrutínio. A Nobel da Paz cumpre uma pena de 27 anos de prisão e o partido foi dissolvido.
Outros partidos também boicotaram a votação ou recusaram-se a concorrer sob condições que consideram injustas.
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