"Para eles estou morta". Jovem com cancro acusa IPO de "desistir" dela
- 08/12/2025
Ângela Pereira tem 23 anos, é de Viana do Castelo e tem cancro há já três anos. O percurso até aqui foi longo e contou com seis linhas diferentes de quimioterapia, dois transplantes de medula óssea e uma cirurgia aos pulmões. Apesar de todos os esforços, a doença oncológica permanece.
Ângela partilhou a sua história nas redes sociais, numa publicação no seu Instagram, com a data de 7 de dezembro onde conta que é "uma jovem menina com uma vida pela frente" - vida essa que os médicos dizem estar perto de chegar a um fim.
"Após realizar um transplante de medula, em que tive diversas complicações, detectaram-me um fungo muito difícil de tratar. Um aspergiloma", diz a jovem.
O fungo em causa é bastante comum no meio ambiente, e, por norma, não causa qualquer tipo de sintomas - isto se a pessoa que inalar este fungo não tiver um sistema imunitário debilitado, como é o caso de Ângela. Nessas situações, o fungo aloja-se nos pulmões, criando pequenas bolas, que dificultam a respiração e podem causar pneumonia.
"Esse fungo está a matar-me aos poucos", acrescenta a jovem. "Aqui já não fazem mais nada por mim, desistiram de mim, retiraram-me a medicação, deixaram de me fazer exames. Para eles, estou morta", afirma.
"Estou sem forças. Ouvi hoje de um dos médicos [dizer] 'que é dar tempo ao tempo até que tudo se encerre'. Mas para mim existe uma grande vontade de viver, e uma esperança de que tudo vai ficar bem", confessa. "Preciso da vossa ajuda, as vossas partilhas, uma segunda opinião e uma transferência para um hospital que me queira tentar tratar. Nada me levaria a fazer esta publicação, senão o desespero e o medo da morte. Peço a vossa ajuda como se fosse vossa irmã, vossa filha, de alguém muito querido por vocês."
Ângela está a ser tratada no Instituto Português de Oncologia do Porto (IPO Porto) que, face à partilha da jovem, emitiu um comunicado.
IPO garante que foram feitos todos os procedimentos possíveis e adequados
"A doente em causa encontra-se num contexto clínico de altíssimo risco", começa por dizer o instituto em resposta inicialmente enviada ao Correio da Manhã e que, entretanto, foi também enviada ao Notícias ao Minuto. "O percurso terapêutico incluiu terapêutica com seis linhas diferentes de quimioterapia, um autotransplante de medula óssea e um alotransplante de medula óssea a partir de um dador relacionado", acrescentou.
Contudo, devido à situação debilitada do seu sistema imunitário, "resultante das terapêuticas anteriores, desenvolveu um quadro de aspergilose invasiva que foi resistente a todos os antifúngicos disponíveis, incluindo combinações de medicamentos. Em virtude da ineficácia dos antifúngicos em controlar a doença foi decidido submeter a doente a uma cirurgia aos pulmões".
"Infelizmente", continua o mesmo comunicado, "nenhuma das abordagens médicas ou cirúrgicas apresentou eficácia clínica, encontrando-se a situação atualmente com um prognóstico muito reservado".
O IPO diz ainda que pediu o apoio dos Cuidados Paliativos que, com a equipa de transplantação, decidiram "um ajuste terapêutico de acordo com a condição clínica" de Ângela - que será, então, o que terá levado a jovem a acusar o instituto de "desistir" de si. As decisões foram "tomadas com base na melhor evidência científica e com profundo respeito pela dignidade dos seus doentes".
Ângela, continua o instituto, tem tipo acompanhamento psicológico "para tentar ajudar a doente a enfrentar a grave condição clínica que enfrenta".
E frisa: "A doente encontra-se a ser acompanhada num centro altamente diferenciado para o tratamento da patologia em causa, por equipas com elevada experiência em hematologia, transplante de medula, infeções oportunistas e complicações associadas".
[Notícia atualizada às 21h09]
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