Paludismo aumenta em São Tomé e Príncipe com mais de 4 mil casos este ano
- 02/12/2025
Segundo os dados apresentados pela diretora interina do Programa Nacional de Luta Contra o Paludismo (PNLP), Felícia Sousa, nos últimos cinco anos o país registou 20.493 casos, nomeadamente, 2.730 em 2021, 3.979 em 2022, 2.368 em 2023, 7.118 em 2024 e 4.298 em 2025.
Felícia Sousa apontou que "o número de casos está muito acima do limiar, desde o início do ano", mas "não se registou casos de óbitos por paludismo".
A médica falava durante um seminário de dois dias, sobre o paludismo, tuberculose e HIV-Sida, que contou com a presença do Presidente da República, Carlos Vila Nova, a presidente da Assembleia Nacional, Celmira Sacramento, o primeiro-ministro, Américo Ramos, vários membros do Governo, parceiros e profissionais do setor da saúde.
Em declarações à Lusa, o ministro da Saúde, Celso Matos, que é médico e ex-bastonário da Ordem dos Médicos de São Tomé e Príncipe, admitiu o aumento de casos de paludismo, mas disse que tem dificuldade em caracterizar a situação como epidemia, tendo em conta que o país está "numa zona de endemia de paludismo há muito tempo".
"Nos últimos dois anos, passou-se aquilo que era esperado", disse Celso Matos, sublinhando que foi também por isso que organizou o seminário, com participação de altos dirigentes e representantes de vários setores da sociedade.
Celso Matos disse que o Governo não tem a "mínima intenção de ocultar dados" e sublinhou que foi por sua iniciativa que se fez a apresentação dos dados de forma clara e objetiva sem passar a ideia que está tudo bem.
Questionado sobre se o Governo pondera declarar oficialmente a epidemia de paludismo em São Tomé e Príncipe, o ministro da Saúde disse que "esta é uma matéria de epidemiologistas, que são especialistas e deverão dizer se se deve declarar epidemia ou não".
"Nós estamos num momento de pico de paludismo que precisa de uma intervenção, de um reajuste", sublinhou.
No discurso de abertura do evento, Celso Matos admitiu que "o paludismo continua a ser um grave problema de saúde pública em São Tomé e Príncipe", com implicação direta no "desenvolvimento socioeconómico" do arquipélago.
"Apesar dos avanços significativos das últimas duas décadas, os dados epidemiológicos mais recentes revelam uma tendência de aumento de número de casos, o que compromete a meta da eliminação", sublinhou.
O ministro destacou que o executivo pretende "reforçar a vigilância epidemiológica, ampliar o acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento eficaz, intensificar as ações no terreno, melhorar a gestão ambiental e promover a educação sanitária nas comunidades".
O Presidente da República, que fez a abertura do evento, defendeu que "a saúde deve constituir uma verdadeira causa nacional", alertando que o paludismo, o HIV-sida e a tuberculose são doenças que "representam fontes profundas de sofrimento, pobreza e subdesenvolvimento".
"São enfermidades que afetam famílias, comprometem o desenvolvimento económico, desafiam a capacidade do nosso sistema de saúde e fragilizam o potencial produtivo da Nação", sublinhou Carlos Vila Nova.
"Não obstante, são igualmente doenças possíveis de prevenção, tratamento e controle, desde que mobilizemos um engajamento nacional firme e contínuo nessa direção", acrescentou.
Carlos Vila Nova considerou que "a saúde não é e nem pode ser apenas uma responsabilidade do Ministério da Saúde", defendeu que "é uma missão de todos os setores da vida nacional e requer ação coordenada, investimento contínuo e responsabilidade partilhada".
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