Países europeus na fronteira com Rússia querem defesa como prioridade
- 16/12/2025
"A situação exige que o flanco leste da União Europeia (UE) receba prioridade imediata para uma abordagem operacional coordenada e em vários domínios", escreveram os líderes da Finlândia, Suécia, Letónia, Lituânia, Estónia, Polónia, Roménia e Bulgária, numa declaração conjunta.
"A Rússia é uma ameaça hoje [e vai continuar a ser] amanhã e num futuro próximo" mesmo que seja assinado um acordo de paz com Kiev, explicou o primeiro-ministro finlandês e anfitrião da cimeira, Petteri Orpo, em conferência de imprensa.
Segundo o governante, quando for assinada a paz com a Ucrânia, a Rússia "moverá as suas forças militares" em direção à fronteira com a Finlândia e os países bálticos.
Os signatários da declaração de hoje sublinharam a necessidade de reforçar as capacidades de combate terrestre, a defesa antidrones, a defesa aérea e antimíssil, e a proteção das fronteiras e das infraestruturas críticas no âmbito da UE e em conjunto com a NATO.
"A UE pode desempenhar um papel importante apoiando os esforços individuais dos Estados-membros para reforçar as suas capacidades de defesa, definindo o financiamento, simplificando as regulamentações e melhorando a mobilidade militar", destacou, por sua vez, o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson.
Esta declaração conjunta surge numa altura em que a Ucrânia, apoiada pelos países europeus, tenta chegar a acordo com os Estados Unidos sobre um plano de paz, cuja versão inicial foi considerada altamente favorável a Moscovo.
O primeiro-ministro finlandês já tinha avançado, em entrevista ao jornal Financial Times, considerar óbvio que a Rússia vai dirigir a atenção militar para fronteira com a Finlândia e o Báltico, defendendo, por isso, que o flanco leste da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) "precisa de apoio financeiro" da UE.
Vários países que fazem fronteira com a Rússia têm alertado para o risco de um abrandamento das medidas de segurança caso haja um acordo entre a Rússia e a Ucrânia.
Por isso, avisou o primeiro-ministro finlandês, que acolheu a primeira cimeira dos países da fronteira leste da NATO que partilham fronteiras marítimas ou terrestres com a Rússia e a Bielorrússia, as despesas militares destes Estados têm aumentando, o que está a pressionar as suas economias.
Petteri Orpo salientou a importância de a Europa estar preparada para se defender face ao afastamento dos Estados Unidos desde o regresso do atual Presidente norte-americano, Donald Trump, à Casa Branca.
"Sabemos que os Estados Unidos vão reduzir o seu apoio e participação na defesa europeia, uma vez que têm muitas outras preocupações de segurança", disse, referindo que a Europa tem de demonstrar que pode agir para promover a paz na Ucrânia.
Também o primeiro-ministro polaco defendeu que os parceiros europeus e da NATO devem unir-se para se fazerem respeitar pela Rússia.
"Precisamos de uma demonstração de boa vontade da Rússia, mas devo dizer que o meu sentimento é muito claro e algo pessimista, porque os russos e a boa vontade são uma contradição", disse Donald Tusk à chegada à cimeira.
Para o primeiro-ministro polaco, a única forma de lidar com a Rússia é demonstrar determinação e trabalhar em conjunto com os Estados Unidos, porque -- na sua opinião -- a única coisa que os russos respeitam é a força.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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