ONU pede investigação independente de alegadas execuções de palestinianos
- 28/11/2025
O apelo foi feito pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos depois o exército israelita ter avançado que está a investigar as alegadas execuções divulgadas através de um vídeo filmado por um jornalista da agência de notícias francesa AFP.
"Estamos consternados com o hediondo assassinato de dois palestinianos ontem [quinta-feira] pela polícia fronteiriça israelita em Jenin, na Cisjordânia ocupada, em mais uma aparente execução sumária", disse o porta-voz do Alto Comissariado, Jeremy Laurence, em conferência de imprensa realizada em Genebra, na Suíça.
O caso deve ser alvo de "investigações independentes, rápidas e minuciosas", adiantou o representante da ONU.
"O assassinato de palestinianos pelas forças de segurança israelitas e colonos na Cisjordânia ocupada tem aumentado, sem que haja responsabilização, mesmo nos raros casos em que são anunciadas investigações", criticou Jeremy Laurence.
Segundo o porta-voz, as declarações de altos funcionários israelitas "a tentar absolver as forças de segurança de responsabilidade" levantam "sérias dúvidas sobre a credibilidade de qualquer futura investigação conduzida por uma entidade que não seja totalmente independente do Governo".
Jeremy Laurence sublinhou que a agência da ONU para os Direitos Humanos documentou 1.030 mortes de palestinianos, incluindo 223 crianças, na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, causadas por forças israelitas e colonos desde 07 de outubro de 2013, quando o grupo islamita Hamas atacou território israelita, dando início à guerra em Gaza.
"A impunidade pelo uso ilegal de força pelas autoridades de segurança israelitas e a escalada da violência dos colonos israelitas tem de acabar", reiterou Laurence, acrescentando que o alto-comissário, Volker Turk, "está a exortar a que sejam realizadas investigações independentes, rápidas e eficazes sobre as mortes de palestinianos e que os responsáveis pelas violações sejam integralmente responsabilizados".
O Departamento de Investigação Interna da Polícia de Israel confirmou a abertura de uma investigação depois de ter sido contactado pela Polícia Militar, na sequência do incidente em que se vê a polícia a disparar sobre dois palestinianos que se renderam e estavam de pé com as mãos no ar.
Os palestinianos já estavam detidos e cercados pelas forças israelitas durante uma incursão a Jenin, segundo avança o jornal israelita The Times of Israel.
Após o incidente, o ministro da Segurança Nacional de Israel, o ultranacionalista Itamar Ben-Gvir, manifestou o seu apoio aos soldados que dispararam sobre os dois palestinianos.
"As tropas agiram exatamente como deviam. Os terroristas tinham de morrer", argumentou nas redes sociais.
Por seu lado, o Governo palestiniano condenou a "execução atroz" e sublinhou que este ato "constitui um crime de guerra documentado" e "uma violação flagrante de todas as leis, acordos, normas e valores humanos internacionais".
O Hamas também se juntou às críticas, acusando os polícias israelitas de uma "execução a sangue frio" de dois "jovens palestinianos desarmados".
O vídeo, divulgado por vários órgãos de comunicação social, mostra dois homens a sair de um edifício que parece um armazém e a ficar de joelhos e de mãos na nuca, rodeados de homens fardados que lhes apontam as suas armas.
Pouco depois, ouvem-se vários tiros disparados pelos homens fardados sobre os detidos, que não pareciam oferecer qualquer resistência e que caem por terra imóveis.
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