OIM entrega centro de saúde e casas a famílias deslocadas em Nampula
- 02/10/2025
"Esta transferência é um testemunho da força da colaboração e da liderança local", disse a chefe de missão daquela agência das Nações Unidas (ONU) em Moçambique, Laura Tomm-Bonde, durante a cerimónia de entrega das infraestruturas em Nampula.
A responsável reiterou que a ação vai permitir atender às necessidades urgentes daquela população deslocada pela insurgência armada na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, e, ao mesmo tempo, lançar as bases para a "recuperação e resiliência" a longo prazo.
Na ocasião, o secretário de Estado da província de Nampula, Plácido Pereira, enalteceu o empenho da OIM e de outras organizações humanitárias na melhoria das condições de vida dos deslocados.
"No início eram apenas tendas e lonas. Hoje temos casas, estradas, furos de água e um centro de saúde. Este progresso é fruto de uma cooperação sólida e deve beneficiar tanto deslocados como comunidades locais", explicou o responsável.
Segundo Plácido Pereira, as instalações entregues fazem parte dos esforços de cooperação entre o Governo moçambicano e parceiros "para melhorar as condições de vida tanto das populações deslocadas quanto das comunidades anfitriãs".
Por sua vez, Catherine Sozi, Coordenadora Residente da Nações Unidas em Moçambique, afirmou que Moçambique mostra que, com liderança e resiliência, é possível transformar o deslocamento e a vulnerabilidade em soluções "dignas e duradouras".
"A ONU tem orgulho de apoiar o Governo nesta jornada rumo à resiliência e de garantir que todas as pessoas deslocadas internamente tenham o direito de viver com dignidade, esperança e segurança", acrescentou.
O novo centro de saúde, construído com métodos duráveis e resilientes, fornece cuidados primários à comunidade de Mucapassa, fortalecendo o acesso equitativo aos serviços de saúde para famílias que vivem em condições vulneráveis, refere-se ainda numa nota da OIM.
De acordo com o documento, as 50 casas resilientes, somando-se aos mais de 2.300 abrigos de emergência construídos anteriormente e às intervenções de água e saneamento, incluem uma torre de água para a instalação, dois furos com design inclusivo e luz solar, além de latrinas ventiladas com unidades de banho para 450 famílias.
A província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta desde 2017 uma rebelião armada, que provocou milhares de mortos e uma crise humanitária, com mais de um milhão de pessoas deslocadas desde então.
No final de julho, ataques destes grupos já tinham provocado mais de 57 mil deslocados no distrito de Chiúre, sul de Cabo Delgado, segundo dados oficiais.
Entretanto, a província regista um recrudescimento de ataques nos distritos de Chiúre, Muidumbe, Quissanga, Ancuabe e Meluco e, mais recentemente, também Mocímboa da Praia, com registo de vários mortos, levando neste caso a organização Médicos Sem Fronteiras a suspender as atividades locais.
Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques, no norte de Moçambique, a maioria reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo um estudo divulgado pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano.
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