Novo centro CACE terá exposições, reservas visitáveis e serviço educativo
- 26/12/2025
"Finalmente vamos ter um espaço que vai permitir ter uma área expositiva, vai ter uma área também muito forte do serviço educativo e da mediação cultural, permitindo trabalhar com públicos específicos e, naturalmente, eu tenho de falar muito disso, com crianças e jovens, para que o mais precocemente possível ganhem o gosto pela cultura", afirmou hoje a ministra da Cultura, Juventude e Desporto, Margarida Balseiro Lopes, numa visita ao futuro CACE Centro, em Alcabideche, no concelho de Cascais, distrito de Lisboa.
Instalado num edifício anteriormente pertencente à Fundação Ellipse e adquirido pelo Estado por 3,45 milhões de euros, este espaço contará com cerca de 760 metros quadrados de área destinados a exposições temporárias, distribuídos por três a quatro salas, incluindo uma 'black box', preparada para obras multimédia.
Além disso, dispõem de mais 1.180 metros quadrados de área para reservas, organizadas em seis salas especializadas para diferentes tipologias de obras: duas para pintura e desenho, duas para fotografia e filme, e duas para escultura.
Segundo Margarida Balseiro Lopes, o novo espaço permitirá, pela primeira vez, concentrar grande parte do acervo da CACE num único local, sem comprometer "uma das mais-valias" e "um dos aspetos mais distintivos da CACE", que é a circulação das obras por museus e instituições culturais em Portugal e no estrangeiro.
"O objetivo não é colocar em causa essa que é uma das características da CACE, que é a circulação, mas vai-nos permitir ter num único sítio grande parte do acervo e dessa forma melhorar a forma como conseguimos otimizar e continuar a apostar na circulação, tanto nacional como internacional", sublinhou a governante, lembrando que a coleção, criada em 1976, só iniciou o seu percurso de internacionalização em 2023, com exposições, "primeiro em Madrid e mais recentemente em Xangai".
A ministra destacou ainda a criação de um serviço educativo e de mediação cultural próprio, focado especialmente no trabalho com crianças e jovens, permitindo desenvolver programas dirigidos a públicos específicos e reforçar a relação da coleção com a comunidade.
O novo centro integrará também reservas visitáveis, possibilitando ao público conhecer um acervo que atualmente ultrapassa as 3.200 obras.
"É importante que as pessoas possam conhecer este acervo tão rico que é nosso, e nós finalmente vamos ter um sítio com reservas visitáveis que vai permitir que qualquer pessoa possa vir aqui ao CACE Centro e conhecer aquela que é a coleção de arte contemporânea do Estado", afirmou.
A aquisição deste edifício permitirá ao Estado concentrar num único local um acervo de obras que até agora estavam dispersas por armazéns e espaços arrendados, permitindo poupar cerca de 660 mil euros anuais em rendas, que serão reinvestidos na Cultura.
"A Museus e Monumentos de Portugal, onde está a CACE, tem tido uma média de aquisição de 50 obras anualmente e o nosso objetivo é continuar não só esse caminho de aquisição de novas obras para integrarem o acervo da CACE, mas também apostar nos serviços educativos dos vários museus no país inteiro, na mediação cultural, na melhoria das condições também dos nossos museus e, portanto, esse é um objetivo que nós, dessa forma, conseguimos ter mais meios para o atingir", afirmou.
A curadora da CACE, Sandra Vieira Jürgens, sublinhou que o CACE Centro não será um museu convencional, mas um espaço de onde "irá irradiar a energia e a dinâmica" da coleção, funcionando como plataforma para exposições temporárias, ações educativas e projetos em articulação com entidades culturais da região, do país e do contexto internacional.
As reservas serão visitáveis e o espaço será aberto, permitindo centralizar a coleção e "trabalhar diretamente com as obras", explicou, acrescentando que o novo edifício reforça a credibilidade da CACE ao nível da criação de exposições num espaço próprio, "com todas as garantias de conservação e de boa gestão da coleção", fator determinante para a sua afirmação internacional.
Segundo a curadora, neste momento já há cerca de 1.300 obras no edifício, estimando-se que, no total, venham a ficar alojadas no CACE Centro entre 2.000 e 2.500 obras, mantendo-se as restantes nos depósitos e núcleos já existentes em instituições como a Fundação de Serralves ou as câmaras municipais de Aveiro e Coimbra.
O CACE Centro deverá abrir ao público até junho de 2026, integrando-se no programa das comemorações dos 50 anos da CACE, que se assinalam no próximo ano.
Criada em 1976 com o objetivo de se converter numa coleção representativa da produção artística nacional, a então "Coleção SEC" foi fazendo aquisições ao longo das décadas, mas ficou paralisada durante cerca de vinte anos.
As aquisições foram retomadas em 2019, através da criação de comissões para identificar obras de artistas plásticos contemporâneos, com vista à integração no programa de aquisição de arte contemporânea portuguesa do Estado.
Esse programa foi retomado pelo Governo depois de um grupo de 200 artistas plásticos ter, em 2018, exigido medidas urgentes para o setor da arte contemporânea ao então primeiro-ministro, António Costa, que lançou um programa de aquisições a dez anos, começando com um orçamento de 300 mil euros para 2019.
A CACE inclui trabalhos de pintura, escultura, fotografia, vídeo, instalação, entre outros meios, abrangendo diversas gerações e linguagens artísticas.
A coleção - cujas obras são cedidas a instituições públicas para exposições temporárias - tem estado em circulação pelo país em exposições apresentadas, nos últimos anos, em instituições de Lisboa, Porto, Aveiro, Tavira, Elvas, Beja, Castelo Branco, Vila Nova de Foz Côa e, no estrangeiro, em Itália, Espanha e China.
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