"Não vamos de 1 ano para outro resolver falta estrutural de professores"
- 15/09/2025
O ministro da Educação, Fernando Alexandre, marcou o início de um novo ano letivo, esta segunda-feira, 15 de setembro, com uma visita a uma escola da cidade de Santo Tirso, no distrito do Porto.
Aos jornalistas, a partir do Agrupamento de Escolas Tomaz Pelayo, o governante admitiu que há ainda estabelecimentos de ensino com falta de docentes, uma vez que "não vamos de um ano para o outro resolver uma falta estrutural de professores".
Os problemas são, sobretudo, no Centro e Sul do país. Porém, estão a ser resolvidos de uma forma mais "rápida" este ano, garantiu Fernando Alexandre, quando questionado sobre os 700 profissionais que vão este ano para a reforma e deixar lugares por preencher.
"Em cada escola vai ser um caso. Se estivermos a falar na região Norte esse problema vai ser relativamente fácil de resolver porque no Norte há muitos professores disponíveis, que queriam dar aulas mas não foram colocados onde queriam. Vai ser muito mais difícil nas escolas de Lisboa, Península de Setúbal e Algarve porque é mais difícil levar professores da região Norte", explicou, acrescentando que essa substituição deve começar a ser feita já a partir "desta semana", uma vez que "agora temos um sistema de colocação de professores que é duas vezes mais rápido do que era".
"A substituição vai ser mais rápida do ponto de vista administrativo", assegurou, lembrando que "nós temos quase 20 mil professores profissionalizados que não estão colocados".
"Tivemos muitos professores que deixaram a profissão pela forma como foram tratados durante décadas, mas isso está a mudar", atirou.
Segundo o ministro da Educação, o Governo AD conseguiu "o ano passado trazer 6 mil professores para o sistema" e está a "atuar em múltiplas dimensões" para atrair ainda mais.
"A procura dos cursos de educação foi superior à oferta, como foi noticiado hoje, e já tinha aumentado 20% com as negociações que fizemos com as universidades e politécnicos", notou.
De acordo com Fernando Alexandre, "Portugal tem muitos diplomados, com as chamadas habilitações próprias, com formação científica para poder lecionar as diferentes disciplinas". Por isso, o Executivo quer dar-lhes "condições" para "obterem a formação pedagógica" de forma a poderem responder às vagas de professores que teimam em não ser preenchidas.
"Falta de professores não significa que alunos estejam sem aulas"
Ainda sobre a falta de professores nas escolas, Fernando Alexandre lembrou que foi promulgado o diploma que visa dar apoios a docentes deslocados e falou no concurso extraordinário direcionado aos horários que não são preenchidos sistematicamente.
"Mas eu quero voltar a repetir: falta de professores não significa que os alunos estejam sem aulas", sublinhou.
O governante acrescentou, ainda, que este problema "resultou de uma falta de investimento de décadas" e por isso "não se vai resolver de um ano para o outro".
"Não há maneira de, de um momento para o outro, resolver um problema que foi ignorado durante anos. Eu lembro-me de, em 2021, o governo do PS ter encomendado um estudo que identificava exatamente isto que acabámos de dizer: 4 mil professores iam, em média, reformar-se por ano e não fez nada. E não fez nada. Nós chegámos há um ano e meio e estamos a fazer desde o primeiro dia e vamos continuar a fazer", concluiu.
Recorde-se que, na passada sexta-feira, a Fenprof denunciou o facto de haver cerca de 93 mil alunos sem professores.
Um problema que, para a Fenprof, só poderá ser resolvido quando o Governo der "sinais claros" de uma "revisão em alta" do novo estatuto da carreira docente, de forma a tornar a profissão mais atraente.
José Feliciano Costa defendeu que a proposta do Governo deve ir ao encontro das reivindicações da Fenprof, que passam pela valorização dos salários e das carreiras, melhoria dos horários de trabalho e apoio à deslocação e fixação.
"Evidentemente, se este sinal for dado já em setembro, provavelmente recuperávamos muitos daqueles 20 mil professores profissionalizados que abandonaram a carreira nos últimos 20 anos à procura de estabilidade noutras profissões ganhando menos mas com mais estabilidade", disse, referindo-se ao arranque das reuniões sindicais já anunciadas pela tutela para rever o Estatuto da Carreira Docente.
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