Museu Amadeo de Souza-Cardoso reabre com mostras de Amadeo e Nadir
- 04/12/2025
Com curadoria de Samuel Silva, "A Marginália de Amadeo" é dedicada ao universo menos conhecido de Amadeo de Souza-Cardoso, reunindo, pela primeira vez, cerca de 50 obras que revelam o lado "mais íntimo e experimental" do artista amarantino - desde desenhos inéditos encontrados em manuais escolares da sua juventude até manifestações gráficas em livros literários de várias coleções privadas e institucionais.
"É uma viagem à infância de Amadeo que nos permite abrir ou inaugurar um novo estado de atenção à sua obra. Eu acho que este é o grande desafio que esta exposição nos tenta propor, é ver o que está para lá das grandes exposições, das grandes realizações pictóricas, no caso de Amadeo. E nessa viagem, vamos compreendendo melhor a sua personalidade e sensibilidade", explicou aos jornalistas Samuel Silva, no decorrer de uma visita guiada.
Segundo o curador, artista plástico e professor na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, é "uma exposição que mostra pela primeira vez, todo este reportório que esteve guardado na família, sobretudo os manuais escolares que estiveram guardados na biblioteca privada da Casa de Manhufe".
"Verdade seja dita, é muito raro encontrarmos um espólio que se mantém uno e conservado nas mãos dos seus herdeiros", afirmou.
Todo o repertório de desenhos encontra-se organizado em quatro núcleos temáticos: humor, cenas e metamorfoses; explorações verbivocovisuais (palavra-imagem); animália e paisagens; e retratos e autorretratos.
"A marginália de Amadeo propõe um olhar ampliado sobre a obra do artista, valorizando o risco, a dúvida e a experimentação como elementos centrais da criação", sublinhou o curador da mostra que ficará patente até 18 de janeiro de 2026.
Em simultâneo, a exposição "Nadir Afonso: Território de Absoluta Liberdade", comissariada por Alexandra Silvano, aborda o percurso artístico de Nadir Afonso no contexto do modernismo europeu.
O artista colaborou em Paris com Le Corbusier e conviveu com nomes como Vasarely, Léger e Max Ernst, antes de abandonar definitivamente a arquitetura para se dedicar à pintura.
"É uma exposição que revela 75 anos de criação do artista Nadir Afonso, um grande nome da pintura portuguesa da segunda metade do século XX", explicou Alexandra Silvano.
A curadora salientou que a mostra "está dividida em vários períodos, acabando, assim, por ser uma exposição cronológica, muito a pensar nos jovens e nos seniores, facilitando-lhes a leitura da obra de Nadir Afonso".
Esta exposição, que ficará patente até 25 de janeiro de 2026, acaba por "revelar a procura do artista pelo rigor, pela harmonia e, portanto, pela procura das leis da natureza", considerou.
Em declarações aos jornalistas, o presidente da Câmara de Amarante, Jorge Ricardo, disse que o museu se encontra encerrado desde fevereiro para obras de climatização, que "eram essenciais também para manter em perfeitas condições as obras de arte", às quais acresceram "intervenções no pavimento e paredes para tornar o espaço mais acolhedor".
De acordo com o autarca, o investimento rondou os 300 mil euros.
O museu reabre às 18h00 de sexta-feira com a inauguração das duas exposições, que já passaram pelo Museu do Côa e deverão ser apresentadas, em 2026, em Lisboa e Óbidos.
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